O que é tecnologia?

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Chaveiro de um serviço do Sonda Pompeia me fez uma chave que não entrou na fechadura. Voltei lá. Reclamei. Refizeram o serviço. A chave continuou a não combinar com a fechadura. Fui ao serviço pela terceira vez. Me atendeu um chaveiro muito simpático que colocou a chave rebelde numa máquina bem transada e depois limou-a manualmente. A dita cuja agora entra, mas não gira. Continua inservível. Voltarei a reclamar. Porém, não tenho esperança de que os chaveiros (são vários) do Sonda Pompeia me façam uma chave que funcione.
Como precisava de nova cópia da chave, fui a um chaveiro que tem uma barraquinha de serviço perto do meu apartamento em Santos. Ele fez seu serviço. A cópia feita pelo moço de Santos funciona com perfeição.
Os chaveiros do Sonda Pompeia têm uma máquina bem moderna e vistosa. Ela copia chaves sem fazer muito barulho. O chaveiro de Santos tem uma máquina muito velha e barulhenta. Onde está a tecnologia? Gente menos avisada dirá que a melhor tecnologia está no Sonda Pompeia. Eu tenho certeza de que a melhor tecnologia está na barraquinha com equipamentos muito velhos que frequento lá em Santos. Preciso explicar isso para meus amigos.
Num artigo que escrevi para uma revista digital catalã, Quaderns Digitals, ofereci a seguinte definição de tecnologia educacional: tecnologia = equipamento + imaginação. No artigo, argumento que a tecnologia não está nos instrumentos utilizados, ela está nos saber de quem produz. Exagerei na dose, pois sei que as ferramentas incorporam saberes historicamente construídos pelos homens. Mas, foi preciso porque há uma crença disseminada de que tecnologia é equipamento e só equipamento. Porém, a dimensão mais importante da tecnologia está na competência de profissionais que sabem produzir utilizando ferramentas de seus ofícios. Minha experiência com chaveiros é prova disso.

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