Archive for the ‘Usos educacionais da Web’ Category

Objetivos Educacionais de WebGincanas

agosto 22, 2020

No momento estou conversando com um grupo de educadores possibilidades de uso do modelo WebGincana no ensino remoto. As WebGincanas nasceram por volta de 2004 quando adaptei as Caças ao Tesouro para um contexto em que os alunos não só buscassem informação, mas também as usassem de modo lúdico. O modelo não nasceu pronto. Ele foi ganhando corpo na medida em que eu e meus alunos criávamos buscas gincaneiras nos laboratórios de informática da universidade. Em 2006, a ideia de WebGincanas jã estava melhor delineada. Por isso, antes de começar as minhas aulas de tecnologia educacional naquele ano, escrevi um texto curto sobre os objetivos educacionais das WebGincanas. Tal texto segue reproduzido em sua forma original.

Objetivos Educacionais do Modelo WebGincana

Jarbas Novelino Barato

WebGincana é um modelo de organização da informação para fins educacionais que articula a dinâmica das velhas caças ao tesouro (Scavenger Hunts), usos da Web e o espírito das gincanas. Se bem feita, ela pode ser um modo divertido de aprender usando computadores, colaborando com colegas e utilizando as informações descobertas em diversos contextos de vida. Mas ela não é apenas uma alternativa interessante de aprender. Ela é um modo de trabalhar que procura alcançar determinados objetivos educacionais.  WebGincana bem planejada é um trabalho didático que procura concretizar os seguintes fins educacionais:

  • Capacitar os alunos a fazerem leituras rápidas, mas atentas, de textos que podem conter alguma informação de interesse imediato

Uma habilidade importante em buscas de informações é a de percorrer textos tentando encontrar pistas que possam indicar algum traço daquilo que se procura. Essa habilidade não é equiparável á leitura convencional. Ela é mais uma “varredura” à procura de sinais que possam levar o leitor à informação procurada. Embora não se ensine tal tipo de leitura, as pessoas vão construindo na vida estratégias que as ajudem a trabalhar com textos da maneira aqui indicada. Com o aumento expressivo de informações em nosso mundo, a habilidade de executar varreduras guiadas por algum interesse vem crescendo dia a dia. A habilidade em foco é particularmente importante no espaço Web. Os usuários da internet precisam desenvolver cada vez mais a capacidade de leitura aqui indicada para poder navegar com mais segurança e proveito pelos imensos oceanos de informação da rede mundial de computadores.

O modelo WebGincana tem como uma de suas principais finalidades ajudar as pessoas a desenvolverem a habilidade aqui descrita. O que se quer numa WebGincana é que os alunos construam boas estratégias de “varredura” de textos. Tais estratégias serão certamente construídas desde que o desafio proposto seja interessante.

  • Aguçar a curiosidade para um assunto que começa a ser abordado no programa de estudos

 Boas WebGincanas propõem questões curiosas, surpreendentes, desafiadoras. Elas possuem certa dimensão lúdica. O que se visa com isso não é apenas o prazer do jogo, mas sobretudo um começo de conversa atraente sobre o assunto.

  • Proporcionar uso sistemático e bem estruturado de recursos da internet

Usar a internet em educação depende sobretudo de duas condições: imaginação dos educadores e existência de boas ferramentas. As WebGincanas são um item que pode ser incluído na relação de ferramentas úteis para que os educadores possam usar a internet de uma maneira sistemática e bem estruturada. É preciso reparar que sem boas ferramentas intelectuais o uso dos recursos da internet  pode ficar muito limitado. Por outro lado, convém ressaltar que as WebGincanas são apenas mais uma ferramenta, capaz de atender a algumas finalidades que os educadores precisam conhecer muito bem.

  • Modernizar modos de fazer educação

 As novas tecnologias de comunicação e informação já ocupam um espaço importante em nosso mundo, mas têm uso ainda limitado em educação. No geral, as escolas continuam a usar os meios tradicionais. As iniciativas de uso de novas mídias ainda são muito tímidas em educação. Em parte isso acontece por falta de boas ferramentas. O modelo WebGincana pretende ajudar os educadores a superar a limitação aqui apontada, sugerindo uma alternativa interessante de uso da internet.

  • Incentivar a pesquisa

Pesquisar é uma atividade que depende da percepção de desafios que o pesquisador quer enfrentar. Não basta usar o termo pesquisa para desencadear buscas interessadas em qualquer área de saber. Por essa razão, a ordem “pesquisem na internet” não funciona. Pesquisas acontecem quando há uma situação que precisas ser esclarecida, explicada, entendida. A estrutura das WebGincanas procura dar sentido às buscas solicitadas e com isso possivelmente faz com que os alunos aprendam a gostar de “pesquisas’.

  • Promover trabalho cooperativo de aprendizagem

Tradicionais gincanas são sempre um jogo de grupos. Para ganhar o jogo é preciso que todos trabalhem como um time, distribuindo funções, dividindo as tarefas, discutindo estratégias etc. Espera-se que tudo isso que acontece em gincanas tradicionais venha a ocorrer em WebGinacanas bem planejadas. E, é claro, trabalhar com os outros de modo cooperativo é uma competência indispensável em nosso mundo.

  • Promover usos educacionais da internet

Todo mundo diz que a internet é um recurso formidável para a educação. É verdade. Mas,a rede mundial de computadores não é por definição um recurso feito para a educação. Para aproveitá-la é preciso contar com estratégias e métodos que ajudem os alunos a se organizarem para aprender na e com a internet. O modelo WebGincana foi feito para isso. Como já foi dito, tal modelo não é a única solução. Ele, porém, é um instrumento bastante útil para o fim aqui abordado.

  • Evitar o recorte-e-cola

Já é quase que folclórica a história de que os alunos vão à internet recortar e colar textos e figuras, sem ler e compreender o que copiaram. Mas a culpa por esse fenômeno não é devida à esperteza ou preguiça dos alunos. A origem disso está na falta de método em propostas dos educadores para usos da internet. Quando a pesquisa na internet tem uma base metodológica sólida fica impossível cortar e colar. E uma das alternativas metodológicas com essa característica é o modelo WebGincana.

Cumpre observar que as WebGinanas não foram inventadas para evitar o corte-e-cola. Elas foram inventadas para colocar os alunos em situações de busca de informações no espaço Web. E tais situações exigem leitura e compreensão dos textos que precisam ser trabalhados

  • Articular estudo no computador com atividades diversificadas de uso das informações

Em WebGincanas padrão as atividades propostas articulam buscas na internet com atividades que resultam em usos das informações encontradas no espaço Web. Essa é uma providência importante. O mundo virtual não é o mundo de nosso viver cotidiano. Informações precisam ser usadas em contextos significativos por dois motivos principais: aprendemos melhor quando usamos o conteúdo estudado, os dados obtidos em buscas na internet ganham sentido quando são utilizados em contextos significativos.

  • Fortalecer o espírito de equipe

Já se comentou aqui o caráter coletivo das WebGincanas. A explicitação do presente objetivo procura sublinhar tal aspecto. Gincana é um jogo de equipe.

Proporcionar aos professores um caminho simples de utilização de computadores para fins de aprendizagemMuitos professores não sabem por onde começar a usar computadores para atividades de ensino-aprendizagem. As WebGincanas podem ser um bom ponto de partida. Uma vantagem que elas oferecem para os iniciantes é a simplicidade. Como trabalham com saberes pouco complexos (conhecimentos, na taxonomia de Bloom), elas facilitam planejamento e produção. Bons professores, após rápida exposição ao modelo, podem se converter em autores de excelentes WebGincanas e propor assim usos muito proveitosos do laboratório de informática.

 

São Paulo, 02 de fevereiro de 2006.

Hoje eu talvez mudasse um pouco o subsídio que escrevi para meus alunos 16 anos atrás. Mantive o texto tal qual ele foi escrito com finalidades de registro. Mas, acho que ele ainda á um material aproveitável para quem queira utilizar o modelo WebGincana.

 

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Conhecimento e informação

abril 27, 2020

Reproduzo aqui parte de um exercício que propus sobre conhecimento e informação num curso online para professores da rede estadual de SP, em 2004.

 

sala de estar 2

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Educação online: observações de Tonucci

abril 14, 2020

No post passado apontei para um site onde há vídeo e entrevista de Francesco Tonucci sobre o que anda rolando com tanta criança em casa na crise do coronavírus. Mas, como muita gente talvez tenha dificuldade para acessar a matéria, resolvi copiar a entrevista do educador italiano aqui. A matéria saiu no jornal espanhol El Pais, 11 de abril de 2020.

Francesco Tonucci (Fano, 1940) es un experto en niños. Desde su casa de Roma, donde lleva cinco semanas encerrado, este psicopedagogo italiano contesta por videoconferencia algunas de las cuestiones que más afectan a los menores durante este periodo de encierro para combatir el coronavirus. Tonucci reconoce que son muchos los padres que piden consejos. Propone ideas como que tengan su propio diario secreto de confinamiento o un lugar, por pequeño que sea, para esconderse dentro de casa. El psicopedagogo se muestra crítico con la escuela y cómo está afrontando este encierro.

Pregunta. ¿Qué es lo peor del confinamiento para los niños?

Respuesta. Debería ser el no poder salir, pero es mentira porque lamentablemente tampoco antes salían. Los niños desean salir y solo pueden hacerlo de la mano de un adulto. Con lo cual es importante que los niños vuelvan a salir, dentro y fuera del coronavirus. Quedarse en casa es una condición nueva, no ser autónomo no lo es. Espero que los niños puedan mostrarnos con la fuerza de este encierro cuánto necesitan más autonomía y libertad. Es muy interesante cómo están reaccionando ellos. Durante los primeros días de confinamiento, envié un vídeo a nuestras ciudades de la red internacional de la ciudad de los niños animando a convocar los consejos para pedir su opinión y dar consejos a los alcaldes; me parecía un poco paradójico que todo el mundo pedía a los psicólogos consejos para los padres y a los pedagogos para los maestros y nadie pensaba en ellos. Los niños sienten mucho la falta de la escuela, es decir, no de los profesores y los pupitres sino la falta de los compañeros. La escuela era el lugar donde los niños podían encontrarse con otros niños. La otra experiencia en la que pude comprobar que la escuela era muy deseada para los niños fue cuando están en el hospital.

P. Entonces, considera que los políticos no tienen en cuenta a los menores para tomar sus decisiones.

R. Como siempre. Los niños prácticamente no existen, no aparecen en sus preocupaciones. La única preocupación ha sido que la escuela pueda seguir de forma virtual. En Italia, por ejemplo, la gran preocupación es demostrar que pueden seguir igual que antes a pesar de las nuevas condiciones, es decir, lo hacemos casi sin que den cuenta, sentados como estaban en la escuela frente a una pantalla haciendo clases y con deberes. Muchos no se han dado cuenta de que la escuela no funcionaba antes y en esta situación se nota lo poco que funcionaba. Los niños están hartos de los deberes y para las familias es una ayuda porque es lo que ocupa a los niños. Los deberes siempre son demasiados, no tanto por la cantidad sino por la calidad. Son inútiles por los objetivos que los docentes imaginan.

P. Si se hace todo mal, ¿qué propone?

P. Hice un pequeño vídeo ofreciendo consejos de sentido común. Tenemos una oportunidad. Los niños en la escuela se aburren y así es difícil que aprendan. Además, existe un conflicto entre escuela y familia, es un conflicto moderno, la familia siempre está lista para denunciar el colegio. Ahora la situación es nueva: la escuela se hace en familia, en casa. Propongo que la casa se considere como un laboratorio donde descubrir cosas y los padres sean colaboradores de los maestros. Por ejemplo, cómo funciona una lavadora, tender la ropa, planchar, aprender a coser…

P. Pero en este laboratorio, ¿los padres están trabajando también?

R. Pido cosas que hay que hacer en casa igualmente. La cocina, por ejemplo, es un taller de ciencia. Los niños deben aprender a cocinar. El maestro puede proponer que los alumnos cocinen un plato con su salsa y escriban la receta. Así estamos haciendo física, química, literatura y se puedo montar un libro virtual de recetas. Otra experiencia que me parece importante es que los niños hagan vídeos de su experiencia en casa. La otra experiencia, por supuesto, es la lectura. Cómo la escuela no consigue que los niños amen la lectura es un gran peso. La escuela debería preocuparse más, dar a sus alumnos el gusto de leer.

P. Eso supone enfrentarse a las pantallas, a los videojuegos.

R. Estamos pensando en una escuela que tiene que hacer propuestas a los niños encerrados en casa. Proponer a los niños que lean un libro debe ser un regalo, no un deber. Hay otra forma que es la lectura colectiva, de familia. Crear un teatro que tiene su horario y su lugar en la casa, y un miembro de la familia lee un libro como si fuera una telenovela. Media hora todos los días. Son propuestas que parecen poco escolares, pero todas tienen que ver con las disciplinas escolares. Estudiando las plantas de las casas se puede hacer una experiencia de geometría. Todo esto lo digo para que se entienda que se puede aprovechar la riqueza que tenemos ahora, la casa y la disponibilidad de los padres. Usted dice que los padres no tienen tiempo: no es verdad. A pesar de todo el tiempo que están ocupados, no saben qué hacer en el tiempo libre. Normalmente el tiempo que pasan con ellos es para acompañarlos a actividades y no para vivir con ellos. Otra propuesta es que jueguen, eso es lo más importante. Que inventen juegos. Llamar a los abuelos para que aconsejen juegos, ellos fueron niños cuando los juegos había que inventarlos.

P. Nunca habremos pasado con ellos tanto tiempo como ahora.

R. Por eso mismo. No perdamos este tiempo precioso dando deberes. Aprovechemos para pensar si otra escuela es posible.

P. ¿Qué tiene que hacer un niño el primer día que salga de este confinamiento?

R. Gritar, lanzar piedras, correr, y abrazarse con alguien; aunque eso último será complicado.

Crise do coronavírus e inovação em educação

abril 14, 2020

Acompanho, por alto, o que está rolando nas atividades online com o recesso das escolas por causa do coronavírus. Minha impressão é que se faz “más de lo mismo” como dizem os espanhóis. Ou seja, boa parte dos professores está gravando aulas em vídeo. Você já viu coisa mais chata que isso? Talvez aqueles vídeos de casamento sejam mais chatos…

O que anda rolando é a atuação de professores que agora se tornaram youtubers. E o que fazem é dar matéria na frente de uma câmara. Com as crianças fora da escola, tão criticada, o caminho deveria ser outro. Nessa direção, o grande educador italiano, Francesco Tonucci, faz considerações que merecem ser conhecidas. Se você quiser ver o que ele diz, clique aqui.

Minhas sobrinhas, professores de ensino fundamental em Franca, tentaram inovar um pouquinho. Por isso trago para cá um vídeo que elas produziram.

Internet, liberdade e censura

junho 11, 2019

 

Em 2009, a revista Carta Capital Escola me pediu um artigo. escrevi o tal, mas não me lembro se o mesmo foi publicado. Hoje, limpando meu email, encontrei troca de correspondência com gente da revista sobre a matéria. Encontrei também a própria matéria. Minha memória sugere que já publiquei o texto aqui, mas sem dizer que o mesmo era na origem um escrito para a Certa capital. Na dúvida, faço este registro e reproduzo o artigo que, acho eu, não foi publicado.

Internet, liberdade e censura

 

Jarbas Novelino Barato

 

Há alguns dias tive de fazer um longo intervalo em pesquisa que realizei numa faculdade. Gentilmente, uma das coordenadoras me cedeu uma sala para que eu pudesse usar a internet. Quis escrever um post no meu blog. Não foi possível. Quis verificar mensagens novas no meu twitter. Não foi possível. Em ambos os casos apareceu na tela um Protection Alert, comandado por um cão de guarda. Tal sistema protetor tinha algumas informações que resolvi ler. Uma das mensagens dizia que o twitter é um Social Networking (rede social). Motivo suficiente para ser censurado naquela escola. Como o protetor tinha um link para Social Networking fui conferir. Aprendi então que “redes sociais da internet podem conter material ofensivo”.

Narro outro episódio. Carta Capital na Escola publicou uma reportagem sobre WebGincanas, modelo de uso da internet que desenvolvi com meus alunos. Certo dia na universidade eu quis ver a reportagem em versão digital.  Não consegui. A cada tentativa era informado que estava acontecendo um erro. Achei estranho, pois outras buscas na internet estavam funcionando normalmente. Demorei a entender o que estava acontecendo: o título da matéria procurada – Saberes em Jogo – contém uma palavra proibida. O bloqueador da universidade não deixa ninguém ler qualquer texto que tenha a palavra jogo. Problema sério para alunos de educação física. Em pesquisas sobre muitos esportes, eles precisam de permissão especial dos gestores da segurança de sistemas na universidade. Nesses casos, depois de muita burocracia, são destinadas aos pesquisadores algumas máquinas sem os bloqueios usuais.

Como é que as pessoas justificam esses atos de censura? Há duas explicações mais utilizadas. Uma tem a ver com disciplina intelectual. Outra, com moralidade. No primeiro caso, os censores dizem que a internet nas escolas deve ser usada apenas para atividades de estudo. No segundo caso, os censores dizem que é preciso proteger crianças e jovens contra os perigos de gente que usa a internet para explorar a inocência de nossos filhos. Acho que a censura promovida pelos bloqueadores não atinge nenhum dos objetivos propostos.

Examinemos o argumento da disciplina. A internet é um ambiente que pode dar margem a muita dispersão. Num laboratório de informática, quando professores propõem alguma atividade com apoio da rede mundial de computadores, é comum ver alunos navegando por sites que nada têm a ver com a matéria estudada. Já vi isso em toda parte, dos cursos de pós-graduação a aulas no ensino fundamental. A possibilidade de dispersão parece justificar bloqueio a redes sociais e a sítios dedicados a distração e lazer. Mas, os bloqueios não resolvem o problema; os alunos, se quiserem, sempre encontram meios de usar a internet de maneira dispersiva.

O segundo argumento parece mais sólido. Já ouvimos muitas histórias de como pessoas mal intencionadas utilizam a internet para corromper crianças e jovens. Crimes relacionados com sexo e drogas são as ocorrências mais freqüentes que os censores utilizam para justificar bloqueios em computadores das escolas. Mas a providência é inócua. O uso criminoso da internet não acontece em situações de uso público dos computadores.

A meu ver, num e noutro caso, escolas jogam dinheiro fora quando compram sistemas de bloqueio da internet. Esta, porém, não é minha preocupação principal. Preocupa-me a aceitação da censura no ambiente escolar. Algumas coisas que aprendemos nas escolas passam muito mais por meio do ambiente que por meio dos discursos feitos pelos educadores. Assim, um ambiente de censura passa para professores e alunos a mensagem tácita de que a comunidade escolar não merece viver em liberdade. O aluno de educação física que precisa de permissão especial para pesquisar jogos na internet aprende que a escola não confia nele. O aluno de ensino fundamental que vê seu twitter bloqueado aprende que ele é incapaz de fazer escolhas sem proteção contínua de adultos.

Volto à questão da disciplina nos estudos. Quando professores levam alunos ao laboratório de informática para pesquisas na internet, sem qualquer plano de trabalho consistente, a dispersão será inevitável. Bloqueio, como já disse não é solução no caso. A solução passa por propostas bem estruturadas de uso da internet para pesquisa. WebGincanas e WebQuests bem feitas, por exemplo, são muito mais efetivas que a censura a sites supostamente dispersivos. E, acima de tudo, a decisão de estudar é do aluno. A censura não ajuda ninguém a se dedicar à pesquisa. Aprender é um ato de liberdade.

A questão da moralidade é mais delicada. Proteger as crianças contra todo tipo de ameaça é uma tese aceita pela maioria dos adultos. Mas, crianças e jovens querem muitas vezes tomar decisões sem supervisão de pais ou professores. E esse desejo não é um capricho. É expressão de um sentimento de que a moralidade é fruto de escolhas livres.

Em qualquer dos casos comentados, parece-me que o caminho da liberdade é muito mais educativo que a censura à internet nas escolas.

Entrevita sobre WebQuest e WebGincana

novembro 14, 2018

Anos atrás dei uma entrevista para a editora FTD. O resultado parece num podcast que ainda está no ar (acabo de escutar agora). É uma conversa bastante informal. Falo de modo coloquial, repetido informações e palavras. Além de falar sobre WebQuest e WebGincana, fez uma fala final sobre tecnologia e imaginação. E ficou como foi dito, sem qualquer edição. Para interessados, segue endereço do podcast:

https://drive.google.com/file/d/0ByyMg2GaFLZDWXVEYzhTU0tfSWc/view

 

WebQuest Exemplar

janeiro 30, 2018

Nos anos iniciais do uso de WebQuest apareceram trabalhos muito criativos. Um deles, recomendado por Bernie Dodge, abordava a questão da reintrodução dos lobos em Yellowstone. A WebQuest recomenda por meu amigo da San Diego State University propunha que um grupo com diferentes especialistas, um criador de ovelhas, um ecologista, um político e um biólogo produzissem um documento de consenso sobre permanência ou retirada dos lobos do famoso parque americano. Não consegui encontrar essa velha WebQuest. Mas o tema mereceu muitas outras. Uma delas, de 1999, pode ser vista aqui.

Os lobos, reintroduzidos em Yellowstone foram motivo de controvérsia porque eventualmente matavam ovelhas de ranchos vizinhos. Os fazendeiros queriam caça-los e até elimina-los. Outros grupos defendiam os animais. No frigir dos ovos, a melhor solução seria uma de consenso. Esse tema da vida real era um bom ponto de partida para estudos de várias temáticas interessantes em ciências biológicas e humanas. E muitos professores/autores fizeram isso em WebQuests.

Lembrei-me da WebQuest que Bernie utilizava como bom exemplo e de outras WebQuests sobre reintrodução de animais selvagens num habitat do qual haviam desaparecido porque vi um vídeo recente sobre os lobos de Yellowstone no Facebook. O vídeo conta uma história muito bonita de como a volta dos animais para aquele lugar trouxe inúmeros resultados positivos. Acho que com ou sem WebQuests, os lobos de Yellowstone são um bom tema para conversas sobre ecologia.

 

WebGincanas: Um Artigo

setembro 25, 2017

Encontrei na internet  artigo que aborda usos de WebGincanas no ensino superior. Título: WebGincana: Potencialidade de uma Estratégia Didática Fundada no Uso das TIC para o Ensino Superior. Li a matéria e vi nela alguns problemas.

Começo pelo título. Não cabe falar em estratégia fundada em uso das tecnologias da informação e comunicação. Decisões no campo da didática devem se fundar em compreensão de como aprendemos. E estratégias no campo da didática devem estar voltadas para criação de ambientes que possam favorecer aprendizagem. Ou seja, não é o uso das TIC que serve de base para propostas didáticas. E, mais especificamente, meus argumentos sobre o desenho do modelo WebGincana tem a ver com reflexões sobre percursos de aprendizagem na busca e uso de informações. Assim como Bernie Dodge observou no caso da WebQuests, não é o instrumento que determina a busca e transformação de informações. Tanto assim, que o mesmo modelo que ele elaborou poderia ser BiblioQuest, caso a gente decidisse que a busca de informação teria como ambiente preferencial a biblioteca. Na mesma direção, poderíamos ter uma BiblioGincana. Como observa meu amigo Steen Larsen, as referências sobre aprendizagem em propostas didáticas precisam ser mais sofisticadas que os instrumentos tecnológicos que utilizamos. Minha tentativa, como a do Bernie, foi a de criar modelos que incorporassem algumas das direções sugeridas pelos atuais modos de entender a aprendizagem humana.

Minha segunda observação tem a ver com as referências que a autora utilizou para apresentar o background de sua proposta. Ela, por exemplo, dá grande destaque ao Perrenoud. Ele nada tem a ver com WebGincanas e com as análises que apresento para justificar o modelo. Mas, ao que parece, as demandas da academia fizeram com que a autora buscasse oferecer uma fundamentação baseada em bibliografia dos ícones das TIC no Brasil. Assim, o grande cenário que ela estabelece para justificar o uso de WebGincanas está muito distante das razões bem concretas que utilizei na concepção do modelo, analisando a questão de acesso à informação, interpretação de informações e constituição de um saber pessoal a partir do uso das informações.  Cabe observar que autora não se deu ao trabalho de considerar nenhuma das obras que cito, talvez porque a maior parte delas está em inglês. Além disso, não há no artigo qualquer menção aos aspectos motivacionais presentes em propostas que recorrem ao jogo como elemento motivacional importante.

Minha terceira observação tem a ver com os créditos que me são atribuídos pela criação do modelo. A autora os reconhece com certas restrições. Entendo e acho graça. Nunca consegui publicar textos sobre WebGincanas no Brasil, modelo de uso da internet que criei com meus alunos e com o apoio do meu amigo Carlos Seabra. Acabei publicando o texto que a autora usa na Espanha, atendendo a convite feito por amigos meus, educadores da Catalunha. O texto acabou sendo conhecido no Brasil, pois o livro em que ele foi publicado na Espanha acabou sendo traduzido para o português em edição da ARTMED. Cabe notar que o tradutor não me procurou para cotejar tradução com o original que escrevi em português. Ele traduziu a tradução do meu texto para o espanhol…

Minha quarta observação refere-se à promessa feita no titulo e não satisfeita no texto. A autora faz um resumo do modelo WebGincana, mas não avança qualquer direção de usos do mesmo no ensino superior.

Para interessados, segue link para o artigo. Para tanto, cliquem aqui.

Anexo aqui imagem da capa do livro em que meu texto sobre WebGincanas foi publicado originariamente na Espanha, na versão catalã.

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Professores e Tecnologia Educacional

dezembro 12, 2016

recife

A foto mostra momento em que eu falava com professores sobre tecnologia educacional no 5º Congresso Internacional Marista de Educação. Na ocasião procurei ressaltar, com diz Allison Rossett, que “tecnologia não é uma questão de máquinas e equipamentos, mas de cabeça”.

Para interessados, anexo aqui o roteiro da minha fala na ocasião.

Usos da internet em educação

dezembro 12, 2016

Trago para cá roteiro da comunicação que fiz na mesa Metodologias Ativas, 5º Congresso Internacional Marista de Educação. Em minha fala ilustrei a questão da atividade a partir do modelo WebGincanas. E, para tanto, simulei uma WebGincana sobre o grande poeta pernambucano Manuel Bandeira, já que o evento acontecia em Recife/Olinda.