Tempos atrás, o Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo, ao fazer propaganda de seus cursos técnicos, usava como argumento principal que seus alunos iam muito bem no ENEM. Nada a ver com a tradição da casa no campo da formação profissional. A propaganda apenas repetia uma verdade que todo mundo conhece: as escolas técnicas de boa qualidade são porta de entrada para as melhores universidades.
Notícia sobre ensino técnico no SENAC em jornal de Bauru:
“Em 2021, o Senac Bauru passou a ofertar o Ensino Médio Técnico em Informática, que integra a grade curricular do ensino médio a um programa de qualificação técnica em informática. O curso prepara o aluno para o Enem e o vestibular, e pode ajudar também a antecipar a entrada no mercado de trabalho, pois concede certificado de profissional técnico em TI.”
Reparem na ênfase dada a ENEM e vestibulares. Reparem no envergonhado “pode ajudar também…”.
Está aqui mais um argumento para minha velha tese de que a formação técnica deve ser pós secundária. Uso de cursos técnicos para adolescentes e jovens imberbes, em instituições que oferecem educação de qualidade, como degrau para ingresso em boas universidades não é novidade. Há um estudo clássico do Luiz Antônio Cunha sobre o assunto.
Perde-se muito tempo ensinando a esses jovens uma profissão que não lhes interessa. Os tais cursos deviam assumir sua função propedeutica sem o difarce da profissionalização. Nada tenho contra uma educação que bem prepare os alunos para enfrentar seleção de ingresso na universidade (pelo menos enquanto durar tal seleção…), embora eu seja contra os processos seletivos para tanto. Muito tenho contra investimentos em profissionalização para quem nela não está interessado.
Notícia completa sobre o curso técnico no SENAC de Bauru pode ser vista aqui.