
Blogs já foram uma febre. No começo deste século eles eram os locais em que mais se publicava na web. Ganharam notoriedade. Foram usados como rascunhos iniciais de livros. Alguns deles deram fama a muita gente que não conseguiria espaço nos meios tradicionais de publicação (livros, revistas, jornais). Foram usados por jornalistas para contar histórias que não seriam aceitas pelas publicações em que trabalhavam (o caso mais célebre é o dos warblogs do Iraque). Foram utilizados para publicar assuntos de interesse pessoal como marcenaria, mecânica, ufos etc. Eu entrei na febre blogueira bem cedo, ali por 2001. Cheguei até a ser citado como uma das referências de blogs educacionais cá na Terra de Santa Cruz. Hoje sou um blogueiro eventual que posta uma ou outra matéria aqui no Boteco.
Hoje a febre passou. Os blogs foram ficando pelo caminho. Muitos morreram. Outros dormem um sono profundo do qual, me parece, não serão despertados. Outros foram esquecidos até mesmo por seus autores. Blogs novos são raros.
Nos velhos tempos havia um burburinho de conversas nos blogs.Por isso, muita gente, eu incluso, chegou a comparar os blogs com os velhos cafés parisienses, locais de conversa livre, locais de bons papos. Hoje as conversas blogueiras cessaram. A gente publica, mas ninguém comenta. O conversê da web migrou para o Face, para o Twitter, para o Instagran, para o WhatsApp.
Quantos blogs criei? Sete ou oito. Os primeiros (em 2001)foram quase sempre experimentos para testar ferramentas, para aprender a manejar aquela novidade de publicação. Dois blogs que iniciei tiveram tal finalidade. Não me lembro o nome deles, muito menos sei em que endereço estavam ou ainda estão. Lembro-me de blogs alojados em espaços na França, Itália e Romênia. Criei-os por farra, apenas para testar novidades. No italiano armazenei alguns escritos meus, mas perdi inteiramente a referência. Em 2004 criei o Aprendente e mantive-o bastante ativo até 2011. Hoje ele é um canto quase que esquecido. Em 2007 criei este Boteco Escola, um sobrevivente no mundo da blogosfera.
Tudo que escrevi até aqui serve de introdução a uma descoberta. Fuçando em velhos arquivos de minhas aventuras na web acabei encontrando o Poranduba, blog que iniciei em 2002. Era um experimento, mas eu pretendia que ele fosse um local de diálogo com meus alunos. Ficou pelo caminho, com poucas publicações. Substitui-o por outro de cujo nome não me lembro, que teve existência fugaz, e que foi substituído pelo Aprendente. Milagosamente, o Poranduba ainda está no ar, apesar de nada eu ter nele publicado depois de 2002. É um sobrevivente. É um momento a ser lembrado na história dos blogs.