Archive for dezembro \21\+00:00 2015

Racismo e peanuts

dezembro 21, 2015

Hoje vi na TL da Chris Boese essa imagem:

racismo

Não sei se o desenho é original ou se é uma versão para mostrar um forma sutil de racismo. Franklin, o menino negro, foi introduzido na tira após reiterados pedidos da professora Harriet Glickman. Se for um original há duas hipóteses de leitura da imagem: (1) Charles Schulz fez uma crítica social muito sutil; (2) o desenhista foi vítima inconsciente de seus preconceitos.

Acho que esse desenho pode ser utilizado em exercícios de leitura de imagens para que os alunos desenvolvam senso crítico no exame de peças de comunicação de massa.

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O sentido do texto

dezembro 20, 2015

Discute-se muito o sentido do que está escrito. Na Igreja, a interpretação das escrituras sagradas é uma área importante de estudos teológicos que atende pelo nome de Exegese. Na vida leiga também há uma disciplina dedicada à interpretação, a Hermenêutica. Hoje escrevi sobre isso no Face, analisando reação dos leitores aos meus microcontos. Reproduzo aqui o que publiquei em minha TL dia 20/12/2015.

 

Quem dá sentido ao texto é o leitor. Esse é um princípio que mereceu comentários de admiração da escritora Susan Sontag, pois os leitores manifestavam sentimentos até opostos na interpretação de seus romances. E, muitas vezes, revelavam direções que a própria escritora não houvera previsto.

Em escala muito mais modesta que as observações de Sontag, percebo grandes diferenças em leituras dos meus microcontos. Percebo também diferenças notáveis entre minhas avaliações das histórias que escrevo e a reação dos leitores. Muitas vezes, histórias nas quais não aposto muito caem no gosto de quem as lê. E o contrário também ocorre com frequência.

Faço essa observações ao reparar na reação dos leitores ao microconto que postei ontem:

>>> Com ainda não sabe a diferença entre alcateia e rebanho, o jovem lobo vive entre cordeiros.

Para mim, essa história precisaria de mais acertos formais e de conteúdo. Não estava, a meu ver, madura para publicação. Divulguei-a, pois não tive inspiração para torná-la melhor e, ademais, por preguiça não tinha eu outra história em estoque. Para minha surpresa, o número de leitores que manifestou apreciação pelo microconto do lobo acordeirado foi muito maior que a média. Vá entender!

Celular pra velhos

dezembro 20, 2015

Os aparelhos eletrônicos, geralmente, não são planejados de acordo com o funcionamento dos usuários. Estes últimos têm que se adaptar às novidades. Mas, às vezes, a adaptação é muito dificil e até impossível. Já escrevi muito sobre a questão aqui no Boteco e em outras partes. O que escrevi atende pelo bonito nome de usabilidade e tem como referência principal Donald Norman, pesquisador da ciência do conhecimento. Não vou repetir aqui velhas arengas. Vou apenas fazer um registro.

Acabo de ver no meu Face propaganda de um celular para idosos. Aparentemente o aparelho foi planejado para facilitar uso e pensando nos modos de funcionamento de seres humanos que já ultrapassaram a barreira dos setenta. Segue imagem do tal telefone móvel para velhos.

celular pra velho

Entre as coisas que escrevi sobre o tema, destaco o texto A TV da minha sogra. Copio a parte final do meu velho texto:

Entendo que usos mais adequados de tecnologias digitais em educação dependem de duas providências fundamentais:

1. considerar e integrar, no planejamento de produtos tecnológicos, as necessidades, opiniões, aspirações, sonhos, experiências e saberes dos professores;

2. entregar aos professores o papel de protagonistas mais importantes em aventuras de usos de tecnologias digitais.

Eu gostaria muito de continuar essa conversa, sugerindo meios e modos de trazer os professores para o palco do uso das novas tecnologias em educação. Mas prometi que estava chegando ao fim deste texto. E vou manter a promessa. Mas, espero que os educadores comecem a pensar de uma nova maneira a questão tecnológica no mundo da educação.

Uma última observação. É possível produzir controles remotos com quarenta funções. Mas, não é disso que minha sogra precisa. O que ela quer é controlar a TV de acordo com seus desejos, não importando limites fisiológicos e de funcionamento de sua memória. Os gênios da tecnologia precisam resolver isso. Não minha sogra.

Aparentemente, os fabricantes desse telefone para velhos estão atendendo a algumas das demandas que explicitei em meu artigo.

Quem quiser ver mais detalhes do “celular para idosos, clique aqui.

Educação e Tecnologia em Davos

dezembro 17, 2015

Reproduzo aqui observação que acabo de fazer no Face, usando com referência post publicado por Jordi Adell:

 

 

O povo de Davos preparou um documento sobre rumos da educação e usos de tecnologias no ensino. O mantra economicista de “formar trabalhadores qualificados” predomina no informe. Jordi Adell, educador Catalão comenta o tal documento com ironia e humor. Destaco aqui algumas observações do Jordi.

Depois de ler a peça. meu amigo da Catalunha chega à seguinte conclusão:

>>> “Los fines de la educación están claros: competir como “skilled workers” en este valle de lágrimas.”

Cidadania, prazer em aprender, curtir a vida, buscar felicidade, apreciar a beleza e outras cositas más ficam de fora. Tudo está voltado para uma suposta eficiência econômica. A educação, para essa gente, é um capítulo de livro de finanças…

O documento aborda o uso de tecnologias em direções muito suspeitas. Jordi não faz comentários. Apenas cita algumas afirmações preocupantes.

À pergunta para que tecnologia, o documento responde:

>>> “To help lower the cost and improve the quality of education, education technology …”

Na lista de justificativas para investimentos em tecnologia estão essas joias:

>>> “Find creative solutions to fundamental challenges in many countries, such as a lack of well-trained teachers and broadly accessible technology infrastructure.”

>>> “Make education available to a broader audience at a much lower cost or provide higher quality instruction at the same price.”

No primeiro caso, ao reconhecer a ausência de bons professores, o documento propõe mais investimento em tecnologia, não em formação de docentes.

No segundo caso, a justificativa clara cristalina para investimentos em tecnologia é a de baratear a educação. Essa é um promessa duvidosa. A tecnologia é cara e as promessas messiânicas de seus vendedores geralmente não são concretizadas.

Faço uma última nota: essas concepções de educação e de usos de tecnologia são hegemônicas nos meios de comunicação. Não vi matéria de nossos jornalões sobre o documento de Davos, mas eles certamente apoiariam as observações e conclusões apresentadas ali.

skills

O Ócio, em diálogos impertinentes

dezembro 10, 2015


Finalmente colocaram na internet este Diálogos Impertinentes do qual participei dialogando com Claudia Costin sobre o ócio. Oportunamente quero comentar mais o vídeo e minha participação.

Inclusão e educação

dezembro 8, 2015

Recentemente comentei aqui palestra de Francesco Tonucci (cf. Escola do Futuro: Conversa com Francesco Tonucci). Um dos pontos mais importantes da fala do educador italiano é a insistência de que a escola deve ser espaço de diferentes. Tonucci diz isso contrapondo-se ao pensamento hegemônico que insiste numa escola de iguais. Volta e meia a gente ouve dizerem que seria muito bom ter classes homogêneas. Isso quer dizer ter classes com alunos iguais quanto a idade, níveis de interesse, níveis de inteligência, origem étnica etc. E ainda não desapareceu do horizonte a expectativa de que nas escolas comuns os alunos devem ser normais.

Nesses dias, assistimos a uma discussão sobre um projeto que se baseia numa escola para iguais, o projeto de reorganização das escolas paulistas proposto pelo governador Alckmin. Os defensores de tal projeto dizem que escolas separadas por ciclos, fundamental I, fundamental II e médio, terão rendimento melhor que as escolas onde convivem alunos de idades muito diferentes (dos o6 aos 17 anos). Essa visão de escola como fábrica especializada em produtos específicos é uma das dimensões daquilo que Tonucci chama de escola de iguais. Convém anotar que essa ideia não é nova. A separação por ciclos era praticada na educação militarizada da velha Esparta, separando em três grupos distintos os educandos (dos 8 aos11, dos 12 aos 15, e dos 16 a 20). (cf. História da Educação na Antiguidade).

Há muitos diferentes no mundo. Um dos grupos de diferentes é constituído por pessoas com a síndrome de Down. Há uma história longa de escolas de iguais para crianças com tal síndrome. Uma escola de iguais com sinal trocado. Em vez de ser uma escola para alunos normais, tal escola é um local para alunos que precisam de tratamento especial. Nessa perspectiva, um aluno com síndrome de Down não pode frequentar classe de alunos normais. Ele não poderia acompanhar o avanço de tais alunos. Seria um estorvo.

Faz pouco tempo que alunos com síndrome de Down estão sendo integrados a classes em escolas comuns, rompendo com a ideia de uma escola de iguais. Mas, ainda há muita gente que não concorda com tal medida. E quem não concorda com tal medida certamente tem cabeça parecida com a senhora que aparece num vídeo recente dialogando com uma moça com síndrome de Down. Vale ver o vídeo e meditar um pouco sobre a necessidade de uma escola de diferentes.

Escola Fortaleza

dezembro 7, 2015

school securityAs escolas se parecem cada vez mais com fortalezas. Muros altos. Vigilantes em todos os portões. Restrição a saídas dos alunos sem acompanhamento de adultos. Circuitos internos câmaras de TV. Catracas. Em algumas escolas americanas há inclusive controle para verificar se alunos não carregam algo de metal. E os pais aparentemente apoiam tais medidas. Querem mais e mais segurança para seus herdeiros. Como diz o título deste post, as escolas de hoje são fortalezas.

A escola fortaleza, entre outras coisas, se propõe a proteger os alunos contra os perigos da cidade. O pressuposto é o de que as cidades são locais violentos, impróprios para crianças. Estas vêm de casa protegidas por adultos, quase sempre em veículos que estacionam em frente do portão de entrada, evitando que estudantes circulem, mesmo que seja por alguns metros, pelas calçadas.

É comum ouvir-se a afirmação de que é preciso tirar as crianças das ruas. Tal bordão refere-se a crianças das classes populares. O que está por trás disso é outra ideia do perigos das ruas: um lugar onde se aprende apenas o que não presta. Por isso, é preciso substituir a vida nas ruas por “sadias” aprendizagens dentro dos muros escolares. Tirar crianças das ruas, nessa direção, é uma forma de proteger a sociedade.

A escola fortaleza decreta o fim de aprendizagens autônomas das crianças. Estas, segundo o pensamento hegemônico, devem viver sempre protegidas em casa e na escola. Eventualmente poderão ir a playground, outro local que fica cada vez mais “seguro” e onde as crianças só brincam sob estrita vigilância de adultos.

Preocupações com segurança como as aqui indicadas acabam criando crianças com muita dependência, excessivamente protegidas. Nessa história, aprendizagens autônomas vão para o brejo.

O educador Francesco Tonucci propõe um caminho completamente diferente das rotas hegemônicas que resultam na escola fortaleza. Ele acha que as crianças também devem aprender nas ruas. Devem circular com independência pelas cidades. Devem ir sozinhas para a escola.

As ideias de Tonucci podem ser concretizadas num projeto chamado de Cidade das Crianças (La Città dei Bambini). No âmbito desse projeto, as crianças desempenham um ativo papel na humanização do tecido urbano. Exigem mais espaço para brincar nas ruas. Exigem diminuição de espaço para automóveis. Circulam livremente pelas ruas. E para espantados adultos, Tonucci diz que não é muito difícil mudar as coisas em nossas cidades. Caso haja vontade política, ele calcula que em dois ou três meses haverá condições para que as crianças possam andar pela cidade sem serem vigiadas.

O educador italiano afirma que o medo é muito maior que os perigos da cidade. E o medo prospera, pois políticos e meios de comunicação o promovem. Os políticos usam o medo para prometer medidas de segurança. Para eles, o medo é um ótimo ingrediente para criar dependência nos eleitores. Os meios de comunicação usam o medo como atração, como componente de um espetáculo. Basta dar uma olhado no sucesso de qualquer programa que dá grande destaque para a violência. A consequência é um cuidado exagerado com as crianças, privadas de qualquer oportunidade para experimentarem situações em que possam vivenciar o mundo sem a vigilância dos adultos.

Tempos atrás, numa estada no Chile para promover seu projeto da Cidade das Crianças, Tonucci concedeu uma entrevista de quinze minutos a um programa de TV. Trago para cá tal entrevista, pois assim interessados poderão conferir as ideias do educador italiano a favor de uma cidade mais humana e contra a escola fortaleza.

Encantamento com novas tecnologias

dezembro 7, 2015

De vez em quando leio ou ouço declarações de muito entusiasmo sobre uso de novas tecnologias em educação. Ouço e leio também promessas de um novo paraíso educacional caso as escolas embarquem na nova era da informação. Infelizmente, tanto otimismo não se confirma na prática. Não há, até o momento, dados confiáveis de que usos de novas tecnologias tenham produzido educação de qualidade muito superior ao que se conseguia antes com recursos modestos como livros, quadros negros, aulas magistrais etc.

Não sou inimigo das novas tecnologias. Acredito que elas têm potencial enorme em termos de tratamento da informação para fins de aprendizagem. E, inclusive, já produzi bastante coisas utilizando novas tecnologias de comunicação e informação. Mas, sempre tenho um pé atrás quando vejo declarações demasiadamente entusiasmadas sobre computadores, internet, tecnologias digitais and so on.

Algumas vezes os entusiastas vão longe demais. Num evento da Associação Brasileira de Tecnologia Educacional, ali pelo ano de 1987, meu amigo Jorge Fróes me recomendou a comunicação de uma professora que estava utilizando de modo muito criativo o Apple IIe. Aceitei a sugestão do Fróes e fui para a sala onde a moça iria fazer sua exposição. O trabalho que ela fazia nada tinha de excepcional. Ela usava softwares educacionais bem limitados, não por culpa dela, mas pela própria limitação do Apple IIe, assim como pela falta de imaginação dos autores dos programas educacionais para aquela saudosa maquininha. Mas, o entusiasmo da moça era muito grande. Aquilo me incomodou. E acabei saindo da sala antes do final da comunicação, quando a professora declarou “encontrei Deus no computador”.

Não vou aprofundar esses meus comentários sobre entusiasmos desmedidos com as novas tecnologias. Eu apenas introduzi o tema para deixar aqui registrada uma observação do meu amigo Steen Larsen sobre fascinação com os novos meios de informação e comunicação. Vamos pois à observação do grande educador dinamarquês.

Não há dúvida de que as novas tecnologias da informação abrem portas para que possamos alcançar melhores resultados em educação, mas isso não é garantido. No momento vemos uma fascinação planetária com as novas tecnologias que ocasionalmente tem cara de messianismo e onipotência. Novas tecnologias [dizem os entusiastas] irão resolver todos os problemas, e miraculosamente converter as salas de aula tradicionais em áreas poderosas de aprendizagem…

Fascinação sempre se baseia numa certa dose de ignorância. Quanto menos você sabe, mais você será uma vítima dessa fascinação que se apresenta de dupla forma: como deslumbramento de tecnófilos, ou como resignação de fatalistas que acham que a tecnologia tudo pode. (Steen Larsen)

História das Américas na Mesa

dezembro 6, 2015

Tempos atrás trabalhei na criação de Desafios Escolares, com ideias que seriam convertidas num programa de televisão. Mas, tal programa não era o fim da aventura. Na verdade, a ideia do Desafio era o de mostrar para as escolas alguma possibilidades de propor uma forma de estudar bastante diferente da usual. Esperava-se que os desafios transmitidos pela TV fossem inspiradores para desafios que as próprias escolas poderiam criar.

A estrutura do Desafio começava com um texto em que eu propunha tema, justificava escolhas, sugeria caminhos. Minha proposta era transformada em roteiro pelo pessoal de televisão. Algumas vezes o povo de TV mudava muito minha proposta para facilitar produção, e também porque talvez não compreendesse certas nuances educacionais que estavam em meu texto roginal. Mas, no jogo, a produtora de TV tinha a palavra final…

Um dos desafio que produzi chamou-se Mesa Americana. Interessados em saber como tudo começou, podem ver o texto que escrevi aqui mesmo no Boteco. Para tanto basta clicar em Desafio Mesa Americana. O que lá escrevi situa bem o que eu gostaria de ver produzido na TV. Mas, na minha opinião, alguns aspectos importantes foram deixados de lado, entre eles as maravilhosas histórias de alguns alimentos americanos – milho, mandioca e batata – que mudaram radicalmente hábitos alimentares no mundo inteiro.

Para o Mesa Americana preparei um WebGincana para facilitar estudo sobre alimentos americanos via internet. A WebGincana foi utilizada no programa de TV, mas sem o que há de mais importante nesse modelo de uso da internet que desenvolvi, as Atividades e Missões. Acho que o povo da TV deixou de lado Atividades e Missões porque isso daria muito trabalho em termos de gravação e registro. Com a redução da WebGincana apenas a resposta às questões propostas, a dinâmica da atividade ficou bastante prejudicada.

Em outra ocasião quero voltar aos Desafios Educacionais que criei. E, talvez, conversar um pouco mais sobre o Mesa Americana. Por ora fico por aqui.

O programa Mesa Americana foi produzido sob coordenação da Fundação Padre Anchieta por um produtora independente. Ele pode ser visto aqui na internet, pois foi colocado no Youtube. Trago-o para cá para prováveis interessados.

 

 

Computadores nas escolas: cuidado com a domesticação.

dezembro 4, 2015

orcaComputadores costumam ser domesticados nos contextos escolares. Fala-se muito em uso pedagógico dos mesmos. Isso é, a meu ver, um erro. Computadores domesticados perdem parte importante da força que têm como instrumentos de comunicação.

Uma boa analogia a se fazer aqui é a da domesticação  de baleias pelo Sea World. O famoso parque marítimo tem como principal atração o show de Shamoo, nome dado a todas as baleias orcas que fazem coisas incríveis numa grande piscina cercada por arquibancadas com gente boquiaberta a cada façanha do animal. Há campanhas para acabar com tal espetáculo. Um dos motivos é o de que as orcas vivem muito menos em cativeiro. De certa forma, treinar a baleias para fazerem o que fazem no Sea World é um tipo de crueldade. Essas questões, porém, não são o foco da minha atenção aqui.

As orcas fazem coisas incríveis aprendendo truques que lhes ensinam em cativeiro. Mas tudo que fazem é falso. Não tem sentido para elas. Não é divertido. Não é comportamento relacionado com sua vida social e estratégias de sobrevivência. No mundo selvagem elas fazem coisas mais incríveis que os shows no Sea World. E o que fazem tem sentido vital. Orcas são animais muito inteligentes. Em resumo: em sua vida selvagem os animais fazem coisas admiráveis; em cativeiro fazem truques espetaculosos que pouco aproveitam do potencial que os bicho têm.

Em escolas, computadores costumam ser como orcas no Sea World. Nos usos pedagógico fazem um truques interessantes. Mas, tais truques são bastante pobres se os compararmos com o que os computadores fazem fora da escola (na vida selvagem).

Não vou desenvolver o tema da domesticação dos computadores pelos pedagogos aqui. Introduzi-o apenas para justificar a iniciativa de trazer para cá roteiro de uma palestra que fiz nos idos de 1993 em Rio Preto. Na época ainda não havia power point, uma bênção. A gente tinha que utilizar melhor a imaginação e o discurso para se comunicar.

Para palestrar, usei um roteiro que fazia referência a menus de computadores. Usei também o tempo todo Shamoo como inspiração contra a domesticação dos computadores nos meios escolares. Acabo de descobrir o tal roteiro entre meus guardados. A palestra foi construída em cima de um menu principal e de submenus. Quase todos os itens são autoexplicativos. Mas, há alguns que precisariam ser explicitados. Não vou fazer isso agora. Só explicarei o que não estiver claro se voltar a palestrar sobre o mesmo tema.

Para interessados, segue o roteiro da dita palestra.

Usos Educacionais dos Novos Meios de Comunicação
Roteiro de Palestra: 1993
MENU PRINCIPAL
1. Questões de método
2. Por que a escola perdeu a graça?
3. Agendas ocultas das novas tecnologias.
4. Como fracassar utilizando computadores em educação.
5. Shamoo no Sea World.
6. Unhappy end.
SUBMENUS
Questões de método:
• O bêbado e o spot de luz numa noite escura.
• Certeza, a pior forma de ignorância.
• Os turistas não viajam, colecionam estrelas.
• Os fabricantes de relógios.
Por que a escola perdeu a graça?:
• A seriedade dos jacarés.
• A escola e o ministério da verdade.
• Favelas, veleiros e videogames.
Agendas ocultas das novas tecnologias:
• Tecnologia e consumismo ignorante.
• O desperdício planejado.
• O fiasco transamazônico.
• Quando o réu é muito forte, as vítimas são condenadas.
• Perfil de uma nova espécie e os ciúmes de Otelo.
Como fracassar utilizando computadores em educação:
• Chame os especialistas.
• Seja pedagógico.
• Monte um laboratório.
• Escolha as melhores linguagens.
• Utilize inteligência artificial.
• Acelere a produção.
• Siga os conselhos de educadores ilustres.
Shamoo no Sea World:
• Cemitérios, museus e zoológicos.
• Abstrato, concreto e abscreto.
• As coisas ensinadas são falsas.
• Liberdade para as baleias.
Unhappy end:
• A tragédia dos computadores domesticados.
• Solipsismo, narcisismo e conhecimento.
• A empulhação das habilidades básicas.
• A agonia da sociedade literária.
• O irracionalismo da razão operante.
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