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Ensino público e cidadania

setembro 28, 2009

why schoolHá um novo livro de Mike Rose na praça. Mike é um educador comprometido com as causas da educação pública. E acaba de lançar uma obra que aproveita toda sua experiência e aventuras investigativas para apontar caminhos de uma educação comprometida com as causas democráticas. Nome do livro: Why School? Vale a pena ir atrás, ler e descobrir pontes entre as lições de Mike e nossa realidade educacional. Já encomendei meu exemplar. Depois de lê-lo, pometo postar aqui uma sinopse ou resenha.

Uma das obras fundamentais do autor, The Mind at Work, foi publicada em português com o título O Saber no Trabalho. Escrevi, com orgulho e emoção, o prefácio para a edição brasileira desse livro do Mike. Recomendo.

É bom reparar que o citado autor escreve muito bem. Suas obras são provas vivas de que textos científicos sobre educação podem ser boa literatura. Só isso já seria motivo para admirar os escritos do Mike. Mas, ele faz muito mais. Numa prosa elegante, atraente e limpa, traz para o palco idéias precisosas sobre educação.

Em seu blog, o professor da UCLA, acaba de publicar parte do prefácio para Why School? Reproduzo aqui o texto.

Preface


Why School? comes from a professional lifetime in classrooms, creating and running educational programs, teaching and researching, writing and thinking about education and human development. It offers a series of appeals for big-hearted social policy and an embrace of the ideals of democratic education – from the way we define and structure opportunity to the way we respond to a child adding a column of numbers. Collectively, the chapters provide a bountiful vision of human potential, illustrated through the schoolhouse, the work place, and the community.

We need such appeals, I think, because we have lost our way.

We live in an anxious age and seek our grounding, our assurances in ways that don’t satisfy our longing—that, in fact, make things worse. We’ve lost hope in the public sphere and grab at private solutions, which undercut the sharing of obligation and risk and keep us scrambling for individual advantage. We’ve narrowed the purpose of schooling to economic competitiveness, our kids becoming economic indicators. We’ve reduced our definition of human development and achievement – that miraculous growth of intelligence, sensibility, and the discovery of the world – to a test score. Though we pride ourselves as a nation of opportunity and a second chance, our social policies have become terribly ungenerous. We rush to embrace the new – in work, in goods, in the language we use to describe our problems—yet long for tradition, for craft, for the touch of earth, wood, another hand.

We do live in uncertain and unsettling times, but one can imagine all sorts of responses, and we have been taking—and have been led to take—those that are fear-based, inhumane, less than noble. We yearn for more and as a society deserve better. This yearning was one of the forces that drove the election of Barack Obama.

My hope is that the contents of this book in some small way contribute to a reinvigorated discussion of why we educate in America, maybe through a particular story, maybe because of information I can provide from my own teaching and research, maybe from a perspective that provides a different way to see.

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TIC’s e elaboração de significados

setembro 28, 2009

Já postei algumas notas sobre recente fala de Stephen Downes a respeito da rede mundial de computadores, comunicação humana e elaboração de significados. Providenciei tradução da dita fala e publiquei versão da mesma em português. Insisto, mais uma vez, em convite para que os fregueses deste Boteco dêem uma olhada no trabalho de Downes

Talvez um pequeno trecho do texto anime a freguesia. Por isso, segue aqui a parte final da fala do cientista canadense.

Finalmente, o quarto princípio semântico é a interdependência. Este princípio nos dá a idéia de que estamos conectados e interagimos e que significado, verdade e conhecimento constituem propriedades que emergem da rede. Não são propriedades contidas na comunicação e nem são propriedades do individuo. Só podem ser reconhecidas de fora da rede.

Tudo isso junto nos leva ao que é chamado de tese de convivencialidade, a alternativa apropriada e congênita para uma organização social oposta às ferramentas de dominação, de massificação da mídia e de controle gerencial.

Para que esse sistema possa dar certo, devemos nos comunicar uns com os outros não apenas com palavras, mas com cada ação, com cada artefato que criamos. Minhas palavras são uma palavra, uma foto é uma palavra, uma apresentação em multimídia é uma palavra, esta apresentação é uma palavra. Todos esses artefatos tornam-se palavras nessa complexa conversa que vai muito além de qualquer significado que se possa encontrar em cada ato individual ou cada artefato individual.

O texto integral pode ser encontrado em 027. Colaboração e Internet.

Internet, colaboração e significado

setembro 28, 2009

downesA Internet criou um mundo de comunicação que gera significados. Há gente que fala de inteligência coletiva. Confesso que não gosto de tal expressão. Mas é certo que o processo de comunicação presente na rede mundial de computadores gera problemas interessantes em termos de semântica.

Uma abordagem instigante do problema é a fala de Stephen Downes no Ars Electronica Symposium on Cloud Intelligence, acontecida dia 6 de setembro passado, em Linz, Austria.  Downes traçou um paralelo entre a rede mundial (cloud) e o funcionamento do cérebro. Se você quiser escutar a comunicação de Downes e ver os slides por ele utilizados,  clique aqui.

Como muita gente não é fluente em inglês, pedi para minha filha, Nara, traduzir a comunicação de Stephen Downes. Ela fez um bom trabalho, publicado aqui em páginas: 027. Internet e Colaboraqção. Se quiser ler as considerações do citado autor, cientista de computação e pioneiro no campo de blogs, clique aqui.

Blog, conversa e vida pessoal

setembro 27, 2009

Em regulamentos para julgar blogs candidatos a prêmios, geralmente há normas que sugerem eliminação de diários eletrônicos que não mantenham certa linha “editorial”. Uma das sugestões mais frequentes nessse sentido é a de que blogs dedicados a determinado assunto (educação, tecnologia, arte etc.) não devem ter posts sobre aspectos da vida pessoal de seus autores.

Discordo inteiramente da orientação acima descrita, pois ela parece ignorar a natureza dos blogs. Estes são um local de conversa, não uma alternativa para publicação de ensaios, artigos, reportagens e assemelhados. Esses formatos eliminam a conversa e convertem os blogs em meros substitutos de publicações regidas por normas da cultura tipográfica.

Por causa de sua natureza conversacional, os blogs exigem uma “redação” diferente daquela que aprendemos para utilizar o papel como meio comunicativo. Não sigo em frente com comentários sobre isso por falta de tempo e espaço.

Além da questão da linguagem, blogs exigem uma outra coisa: precisam ser um espaço muito pessoal. Ou seja, precisam ser um espaço no qual o autor mostre sua cara. E uma das formas de mostrar a cara é falar de quando em vez de assuntos que nada tem a ver com o tema ou foco blog. Aprendi isso em comentários da Miriam e da Suzana. Há tempos, de maneiras um pouco diferentes, ambas chamaram atenção para um sentimento que leitores de blog têm, o sentimento de que o autor é um amigo cuja vida pessoal importa.

De autores de blogs que leio quero saber sempre algumas coisas: pra que time torcem, como são os filhos, de onde vieram, como vêem certas situações políticas etc. Não espero comunicações pessoais muito constantes. Mas, espero algumas conversas que mostrem faces das pessoas que falam de educação, tecnologia, arte, literatura ou outro assunto qualquer. Lilia Efimova, pesquisadora rigorosa dos blogs como ferramenta comunicativa, eventualmente fala de A, seu filho, de visita de sua mãe, de dúvidas sobre seu trabalho, de expectativas de carreira. E o tema central do espaço da Lilia é a natureza dos blogs. Ela não deixa, porém, de inserir, entre mensagens de muito apuro acadêmico, fiapos de conversa sobre sua vida pessoal. Seus leitores, sentem por isso, que estão falando com uma amiga.

Faço todos esses registros não para justificar eventuais notas pessoais que aparecem neste Boteco, mas para indicar uma das características que, a meu ver, são próprias dos blogs.  E isso cabe bem num espaço que se propõe a produzir “ensaios sobre blogs em educação”.

Família materna

setembro 25, 2009

Sempre quis divulgar esta foto quase centenária. Nela, minha bisavó materna, Waldomira, reúne os filhos, uma nora (minha vó) e um genro. A menina de vestido branco, à direita, é minha avó, Patrocínia, ao lado de meu avô, José, que não conheci (morreu aos vinte e dois anos). Acho que ele era o filho mais velho de Dona Waldomira, a mulher severa no centro da foto. No outro extremo, está tia Maria e o marido. Não sei nomear outros personagens, a não ser tio Sebastião, o menino sentado na frente de minha bisavó. Do lado dele está o caçula cujo rosto não pode ser visto. Segundo minha mãe, o menino acabara de receber uns puxões de orelha para ficar quieto.Vingou-se sabotando a foto na hora do “olha o passarinho”.

Na fotografia, guardada com carinho por minha mãe, acho que Vó Patrocínia devia ter uns quinze anos. Meu avô não teria mais que dezoito. Eram recém-casados. Na parte traseira da obra há um carimbo com os dizeres Venefredo Faria, Photographo. Como em Capetinga não havia retratistas, pressumo que o registro fotográgico desses Queirós do Sul de Minas foi feito ou em Cássia ou em São Sebastião do Paraiso.

Vó Waldomira

Paixão para ensinar e aprender

setembro 22, 2009

No post passado sugeri uma campanha para que professores recuperem o orgulho de ensinar. Para começar a conversa, divulguei um texto de Stéphane Laporte. Mas fiz isso em francês, idioma que pouca gente lê hoje em dia. Como meu domínio da língua de Asterix é pobre, pedi à minha filha, Tais Cardoso Barato, que traduzisse o dito texto. A tradução chegou hoje. Fiz pequenas adaptações. Aqui está o escrito de Laporte no idioma de Camões:

Até que ponto os professores sabem que eles são (ênfase acrescentada) a escola? Eles são as estrelas. Eles são os Tony Ramos, Kaká, Juliana Paes, Gisele Bundchen, Milton Nascimento, Jô Soares em suas matérias. São eles que animam as matérias, dão vida a elas, que as tornam interessantes ou chatas, que compartilham as suas paixões. Se o professor entra no piloto automático, o curso vai ser um fracasso, com certeza. Mas se o professor faz algumas acrobacias, recitando versos ou dramatizando os saberes de sua área, os alunos irão ao sétimo céu. Claro, ninguém é obrigado a ser genial. Os professores são como os esportistas, os políticos, os bombeiros, os cronistas, eles fazem o que podem com aquilo que eles tem.

Mas a gente não vira cozinheiro sem gostar de comida. Então, a gente também não vira professor se a gente não gosta de ensinar, se a gente não gosta de dar aula, de representar. Não é necessário que a aula de física se torne um espetáculo do Cirque du Soleil, é preciso apenas que os alunos sintam que seu mestre gosta muito da matéria. Isso estimula e entusiasma a classe.

Quantas horas eu já não passei desenhando no meu caderno porque o professor lia suas notas de aula sem ao menos levantar os olhos. Monotono. Cansativo. Resignado. O tempo da aula não passava porque o professor estava parado. Sem inspiração. Existe apenas uma forma de aprender: é gostando daquilo que se aprende. Se a gente não faz os alunos gostarem daquilo que a gente quer que eles saibam, eles nunca se lembrarão da matéria. A indiferença não tem memória.

Se eu amo tanto escrever, isso se deve, em grande parte à professora Lamoureux, do primário, ao professor Saint-Germain, do secundário e ao professor Parent, do magistério. Eram professores que tinham aquilo que precisa. E eles não eram do tipo que faz palhaçadas. Muito pelo contrario. Mas a vocação deles era sincera e bem visível. E é disso que a gente fala. Manter trinta alunos sentados em suas cadeiras durante um dia inteiro não é tarefa pra qualquer um. Até mesmo os pais sofrem para cativar seus filhos durante um fim de semana. Imagine então, o que precisam fazer os estranhos que, durante a semana toda, estão substituindo os pais e tentando transmitir conhecimento, cultura e lições de vida a uma audiência que só pensa nas próximas férias de Natal. Não é pra qualquer um.

E só há uma maneira de fazer isso bem. Para interessar, é preciso ser interessante. Claro, sempre haverá os maus alunos que continuarão insensíveis a um curso de inglês, mesmo se ele fosse dado pela Angelina Jolie ou pelo Brad Pitt. Mas a maior parte dos alunos quer apenas embarcar com o professor como guia. Então, é preciso que o senhor ou a senhora na frente deles queira levá-los para um pouco mais longe que, simplesmente, o fim do curso; um pouco mais longe que a carga de trabalho que está no programa.

Extrato de texto de Stéphane Laporte

Tradução: Taís Cardoso Barato

Paris, 21 de setembro de 2009

Orgulho Docente

setembro 19, 2009

‘Sou professor” hoje soa como “sou culpado”. Não temos orgulho docente. Aceitamos, sem criticar, o papel de figurantes que a Escola Nova foi nos atribuindo na medida em que se tornou o modo hegemônico de ver educação. Está na hora de inaugurar um movimento na direção contrária. Sugiro um mote para tanto:

ORGULHO DOCENTE


Se tivermos orgulho do ofício, não precisaremos pedir desculpas por a para ensinar. E poderemos conjugar esse verbo na primeira pessoa do indicativo, com segurança, com confiança, com certeza de que ensino é uma prática social importante. Para começo de conversa sobre isso, sugiro leitura de um texto de Stéphane Laporte. Para quem não quer dar-se ao trabalho de ir até o artigo completo, reproduzo aqui as idéias centrais.

Je me demande à quel point les profs sont conscients que l’école c’est eux. Ce sont eux les stars. Ils sont les Guy A. Lepage, Julie Snyder, Marc Labrèche, Louis-José Houde de leur matière. Ce sont eux qui l’animent. Ce sont eux qui y donnent vie. Qui rendent ça intéressant ou ennuyant. Qui partagent leur passion. Si le prof est sur le pilote automatique, le cours va crasher, c’est sûr. Mais si le prof fait de la haute voltige à la Luchini, en récitant des vers ou en déclamant ses dictées, les élèves seront au septième ciel. Bien sûr, personne n’est condamné à être génial. Les profs sont comme les sportifs, les politiciens, les plombiers, les chroniqueurs, ils font ce qu’ils peuvent avec ce qu’ils ont.

Mais on ne devient pas cuisinier si on n’aime pas manger. Alors on ne devient pas professeur si on n’aime pas enseigner. Si on n’aime pas donner un cours. Donner une représentation. Pas besoin que le cours de physique devienne un spectacle du Cirque du Soleil, il faut juste que les élèves sentent que leur maître trippe sur la matière. Ça prend de l’entrain. De l’enthousiasme.

Combien d’heures j’ai passé à dessiner des bonshommes dans mon cahier parce que le prof lisait ses notes sans lever les yeux. Monotone. Fatigué. Résigné. Le courant ne passait pas parce que le prof était en panne. D’inspiration. Il n’y a qu’une seule façon d’apprendre, c’est en aimant. Si on ne fait pas aimer aux élèves ce qu’on leur demande de retenir, ils ne s’en souviendront jamais. L’indifférence n’a pas de mémoire.

Si j’aime autant écrire, c’est beaucoup à cause de Mme Lamoureux au primaire, M. Saint-Germain au secondaire et de M. Parent au cégep. Des profs qui l’avaient. Ce n’était pas des bouffons. Oh que non. Mais leur vocation était sincère et bien visible. Car c’est de cela que l’on parle. Tenir assis sur des sièges une trentaine de ti-culs pendant toute une journée, faut le faire. Même les parents ont de la misère à captiver leurs enfants durant un week-end. Imaginez durant une semaine, des étrangers se relayent pour essayer de transmettre connaissances, culture et savoir-vivre à un auditoire qui ne rêve qu’aux vacances de Noël. Faut le faire.

Et il n’y a qu’une seule façon de le faire. Pour intéresser, il faut être intéressant. Bien sûr, il y aura toujours des cancres qui resteront insensibles à un cours d’anglais même si c’était Angelina Jolie ou Brad Pitt (c’est selon) qui l’enseignait. Mais la grande majorité des élèves ne demandent pas mieux que d’embarquer. Encore faut-il que le monsieur ou la dame en avant veuille les mener plus loin que la fin du cours. Plus loin que la charge de travail imposée.

Lorca & Ana Belen

setembro 19, 2009

Faço uma pausa. Ouço El Romance de La Pena Negra, de Federico Garcia Lorca, musicado por Fito Paez e cantado por Ana Belen. Emocionante! Esqueço um pouco educação, tecnologia, blogs. Desfruto a mágica de poesia e música do ábum de Ana Belen que homenageia Lorca. Quem não conhece a obra, pode ver e ouvir aqui a belíssima interpretação da diva espanhola. Segue VT encontrável no Youtube. Emocione-se.

Conhecimento: sabemos mais?

setembro 19, 2009

Tecnófilos de todos os tipos costumam dizer que vivemos numa sociedade com mais conhecimento. O princicipal argumento desses entusiastas por novas tecnologias é o de que temos hoje um fartura imensa de informação. Mais que isso: a massa de informação cresce sem parar. Mas, os otimistas do progresso tecnológico não usam apenas o argumento da produção, usam também o argumento da distribuição.

Por sugestão do @marioasselin acabo de ver um vídeo sobre a matéria. O realizador quer mostrar com números que está havendo uma revolução, a revolução da informação. Impressionante. Mas não me convenceu. Há muita informação no ar. Muita informação que se repete vezes e vezes até cansar o cidadão.

Impressionante é nossa capacidade de produzir (mais reproduzir) e distribuir informação. Não, há, porém, evidência de que tal oceano informativo seja constituído por saberes novos e revolucionários.Esta é minha opinião. Talvez equivocada. De qualquer modo, para mudar preciso ser convencido. O entusiasmo dos tecnófilos me parece declaração de fé. Sou cético. Entusiasmos religiosos apenas aumentam minha desconfiança.

Apesar de meu ceticismo, acho importante ver o material indicado pelo Mario, grande blogueiro canadense. Por isso, coloco aqui o vídeo que ele recomendou.

Redação de Tarefa em WebQuest

setembro 18, 2009

cidade mauriciaEm WebQuest, a tarefa funciona como um desafio para que os alunos, num trabalho cooperativo, realizem uma produção muito parecida com algo que rola no mundo fora da escola. Essa é uma exigência de autenticidade. Ou seja, exigência de uso dos saberes em contextos significativos da vida cotidiana. A Tarefa não é, portanto, um “trabalho escolar”. Trabalhos escolares tem pouco ou nenhum significado fora dos muros das instituições educacionais.

As exigências do conceito de Tarefa atrás esboçado precisam estar presentes na escrita. A proposta de tarefa precisa sugerir contexto (vida fora da escola) e realização compatível com o “mundo real”. Dou, a seguir um exemplo.

Estou produzindo, com uma equipe de profissionais de TV, um projeto chamado Desafio. Esse projeto utiliza o modelo WebQuest como referência. Um dos desafios que estamos produzindo tem como alvo a colonização holandesa no Brasil e, mais particularmente, a figura de Calabar. Não vou entrar em detalhes sobre o que está sendo produzido. Talvez venha a comentar esse trabalho quando o mesmo for para o ar na rede pública de TV. No momento, importa oferecer como exemplo de Tarefa o desafio que sugeri para os alunos que vão participar do projeto Calabar: Traidor ou Herói? A tarefa que propus tem a seguinte redação:

Um produtor de teatro quer inovar. Para tanto escolheu Calabar como tema de um concurso. Ele quer que um grupo de especialistas (vocês) prepare um julgamento de Calabar no qual defesa e acusação atuem com argumentos baseados em sólidas evidências históricas. Tal julgamento deverá envolver, além de promotor (responsável pela acusação) e advogado de defesa, três testemunhas de cada lado, juiz, e um corpo de jurados isentos. O veredicto final do julgamento deverá estabelecer com clareza se Calabar foi um herói ou um traidor.

A proposta supõe algo que poderia acontecer no mundo real. A dramatização da vida do aliado dos holandeses  já foi objeto de obra teatral importante. Chico Buarque e Ruy Guerra escreveram um magnífico musical chamado Calabar. Assim não soa absurdo ou fantasioso o desafio proposto. A tarefa não fica reduzida a um trabalho escolar. Ela coloca os alunos em papéis que poderiam ser exercidos por profissionais experientes. Ela propõe a confecção de um produto que pode ser encomendado no mundo fora da escola.