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Por que falamos cachorrês?

outubro 27, 2008

Moro num paraíso canino, Higienópolis, São Paulo. No bairro, tudo é feito para dar mais conforto e qualidade de vida aos melhores amigos do homem (e da mulher, para ser politicamente correto). Em minhas andanças, sempre encontro alguém dialogando com seu cão. É um falar cantado, quase sempre doce, raramente áspero. Uma coisa que já havia notado é que o cachorrês utilizado por gente em conversa com seus animais é muito parecido com o modo de falar utilizado pelos adultos para falar com as criancinhas de zero a três anos de idade. E cheguei a pensar que os canífilos humanizam em demasia seus totós, dirigindo-se a eles como se estes fossem filhotes da espécie homo.

Vale aqui uma excursão pela linguagem utilizada em conversas com bebês. Ela é um fenômeno universal e provavelmente qualquer adulto já a utilizou pelo menos uma vez. Como esse tipo de comunicação é mais utilizado por mães, Pinker, num livro que todo mundo precisa ler, O Instinto da Linguagem, o chama de motherese. Acho que a gente pode aportuguesar o termo para manhês. Conclusão: cachorrês e manhês são idiomas da mesma família.

Toda esta minha conversa sobre comunicações com bebês e cães começou com uma re-leitura que estou fazendo do precisoso The Singing Neanderthals – The origins of music, language,mind, and body, de Steven Mithen, livro que escolhi para começar um empreendimento de slow blogging lá no Aprendente. No capítulo 6 – Talking and singing to baby – o autor examina a forma particular de lingugem que utilizamos para “conversar” com as criancinhas (IDS – infant directed speech, ou o manhês, em minha tradução livre). Mithen observa que, no manhês, sintaxe semântica não têm a menor importância. Importa apenas a prosódia. Cito uma passagem, pois o autor explica o fenômeno muito melhor do que eu poderia fazer:

Falamos assim porque os bebês humanos demonstram um interesse e sensitividade por ritmo, compasso e melodias da fala , muito antes de serem capazes de entender o significado das palavras. Em suma, as características usualmente melódicas e rítmicas da linguagem falada – prosódia – são muito exageradas [no manhês] de tal maneira que nossos ditos adotam um caráter explicitamente musical (p. 69).

A musificação do falar quando nos dirigimos aos bebês é uma tendência natural. Não precisamos aprender o manhês. Ele nos vem naturalmente. E para que serve o manhês? Serve para criar laços comunicativos entre falantes que já dominam um idioma e crianças que ainda não falam. Esses laços são profundamente afetivos. E tudo indica que o manhês é um idioma primitivo que surgiu na evolução de nossa espécie muito antes que a humanidade conseguisse criar discursos articulados. Isso explica porque manhês e cachorrês estejam tão próximos.

Faço aqui uma observação final: o capítulo de The Singing Neanderthals cuja leitura deu origem a este post é material de muito interesse para quem estuda educação infantil. Alguém poderia traduzí-lo, caso a obra de Steven Mithen não venha a ser editada em português.

A foto que ilustra este post é da Veja São Paulo, em matéria que noticia o livre trânsito de cães no Shopping Center Higienópolis [ vejasaopaulo.abril.com.br/…/2054/m0155713.html].

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Quem é quem na foto

outubro 25, 2008

No post anterior há uma foto dos meus filhos. Faltou nomeá-los. Da esquerda para a direita: Taís, economista e jornalista, trabalha na TV Sesc, Nara, engenheira de alimentos, na ocasião estagiava na associação britânica de engenharia de alimentos com trabalhos na Universidade de Reading, e André, doutorando em física teórica na Universidade de Wurzburg.

Baratos num boteco em Wurzburg

outubro 25, 2008

Em agosto passado meus filhos se encontraram num boteco em Wurzburg, Alemanha. Pena que não pude estar no pedaço. Como muita gente quer saber como são meus pimpolhos, aqui vai uma foto que a mãe deles, Ana Maria, sacou na ocasião.

Redação cooperativa: complemento 5

outubro 25, 2008

Acabo de receber, da Professora Maria de Graça Alves, informação sobre experiência que ela está coordenando numa rede de escolas públicas em Portugal. Trata-se de um projeto de escrita colaborativa que está usando, devidamente adaptada, uma das histórias que criei para trabalhar com meus alunos de Tecnologia Educacional: A Flor Curiosa. Cópia integral do material enviado pela Professora Maria pode ser vista em https://jarbas.wordpress.com/de-roda-de-uma-historia/.

Vejam a marca do projeto português:

WebGincanas: conceito e planejamento

outubro 23, 2008

Após a reportagem publicada pela revista Carta na Escola, alguns educadores me pediram indicações de material sobre o modelo WebGincana. Ainda não há fartura de referências. Informações bastante completas que abordam WG’s podem ser encontradas num site mantido pelo Senac.sp. Lá estão dois textos que escrevi sobre a matéria em 2006. Um – o que é – define em linhas gerias o modelo. Outro – faça a sua – apresenta um roteiro de planejamento para a produção de WebGincanas. Num futuro próximo pretendo produzir outras referências. Quem quiser ver o material escrito em 2006, pode clicar na imagem abaixo:

WebGincanas: reportagem em Carta na Escola

outubro 18, 2008

A revista Carta na Escola acaba de publicar uma reportagem sobre Webgincanas: Saberes em Jogo. Fiquei bastante feliz com a matéria. Ela divulga um trabalho que iniciei com meus alunos em 2003 a partir das Scavenger Hunts. Nos estudos que fiz e nos experimentos que meus alunos realizaram, foi tomando corpo um modelo de uso da Internet que tem certa originalidade. Espero que o movimento WebGincana cresça, e que muitos professores se tornem autores de propostas que utilizem as sugestões que elaborei com a colaboração de meus estudantes e amigos educadores.

As melhores universidades

outubro 17, 2008

Onde estão as melhores universidades do planeta? Há quem as classifique anualmente. Quer ver as listas? Clique aqui.

A foto que ilustra este post é doTrinity College, da Universidade de Cambridge, uma das melhores do mundo. Se pudesse voltar a fita, tentaria em meus tempos de estudante ser aluno dessa escola…

Pedagogicamente correto …

outubro 17, 2008

Há hoje um puchero de idéias reformistas em educação. Isso pode favorecer a volta para velhos métodos e princípios. Por essa razão é preciso repensar movimentos de educação renovada, separando joio do trigo e recolocando nos trilhos a luta por uma educação liberdadora, democrática, unitária, popular. Vai aqui sugestão de um texto para começo de conversa sobre o assunto:

Quelle stratégie pour les militants pédagogiques aujourd’hui ?

Blogs no ensino fundamental

outubro 16, 2008

Anne Davis é uma edublogueira muito importante. É dela o ótimo texto Dicas sobre usos educacionais de blogs, que traduzi em 2005. Quase todos os anos, Anne, trabalha blogs com uma classe do quarto ou quinto ano do ensino fundamental. Há pouco ela iniciou mais uma dessas experiências. A estrutura básica do trabalho é divulgada por meio de um blog-mãe e pelos blogs individuais dos alunos. Quem quiser conhecer e acompanhar mais uma aventura blogueira de Anne Davis deve clicar em Reflective Voices.

Aprender inglês

outubro 15, 2008

Há alguns anos, vi, no Seneca College, Toronto, uma demonstração de software que era mão na roda para a aprendizagem de inglês, sobretudo no campo fonético. Uma das coisas que o tal software fazia era gravar fala do aluno para depois analisá-la por meio de um gráfico que fazia comparações entre a pronúncia do aprendiz e uma fala-padrão (nativa). Creio que já há coisas mais sofisticadas na praça.

Para sentir o gosto de como algumas ferramentas podem propiciar comparações entre falas nativas e falas de aprendizes de uma segunda língua, o bom blog El Tinglado, publicou um post que permite fazer tal experiência. Se quiser experimentar, clique no seguinte endereço:

?id=practica-tu-pronunciacion

Para ver o que acontece, digite no espaço sob a imagem da simpática “professora” a palavra inglesa que queira ouvir. Feitoisso, clique sobre a flechinha torta do lado. A moça ira dizer em bom inglês o que você escreveu.