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Classificar tarefas em WebQuests

agosto 28, 2008

Em posts recentes, registrei aqui informações sobre a classificação de Bloom e a natureza das tarefas em WebQuests. Continuo a conversa propondo um exercício. Vou listar aqui algumas WebQuests publicadas nos últimos anos. Peço aos leitores para examinarem as tarefas de cada uma delas. Como resultado do exame, sugiro dois instantes de classificação:

  1. Excluir propostas que não são verdadeiramente tarefas, mas apenas exercícios escolares ou descrições de atividades que os alunos devem fazer sem compromisso com resultado. [Nestes casos não teremos verdadeiramente uma WebQuest]
  2. Classificar, de acordo com as categorias de Bloom, as tarefas propostas [Nestes casos, tarefas nos níveis de conhecimento ou compreensão não serão adequadas; tarefas nos demais níveis serão bem adequadas WebQuests]

Segue aqui a lista de WebQuests que selecionei:

Complementarmente, sugiro, inlusão de pelo menos três WebQuests feitas por educadores do Colégio Dante Alighieri no exercício. As obras do Dante podem ser encontradas aqui.

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Conceito de tarefa em WebQuests

agosto 28, 2008

Estou preparando aula sobre tarefa em WQ para meus alunos. Sempre que faço isso, fico sem saber como abordar o assunto. É difícil mudar convicções já prontas. Uma delas é o conceito de tarefa. No geral, vemos tarefa como exercício escolar.

A idéia de tarefa em WebQuests nada tem a ver com exercícios escolares. Ela precisa ser entendida como um desafio de natureza similar aos desafios enfrentados por equipes de trabalho. Esses desafios propõem criação de algum produto (reportagem, programa de rádio, conto, parecer técnico, carta, projeto de lei etc.) ou realização de algum evento (festival de música, sarau, julgamento com juri etc.). Produtos ou eventos com os quais encontramos vida afora exigem aplicação de muitos saberes. Mas não se confundem com os modos pelos quais tais saberes são aprendidos e desenvolvidos. Quando convoca uma equipe de repórteres para a produção de uma matéria especial, um diretor de redação não diz aos jornalistas como fazer o trabalho; o que ele define com certa clareza é o que quer (ou seja, o produto). E ao fazer a encomenda, supões que seus repórteres dominam os saberes necessários à missão.

Deixar claro o que é esperado, este é o objetivo da tarefa. Isso requer que o autor da WebQuest saiba escolher produto ou evento capaz de exigir toda uma gama de saberes que os alunos precisam aprender. Mas essa gama de saberes não deve ser explicitada na tarefa. Esta precisa ser uma declaração bem precisa e curta que defina um produto ou um evento. Se bem feita, uma tarefa propõe resultado de trabalho que é comum na vida cotidiana. Essa é a característica que faz com que uma WebQuest seja autêntica. Não chega a ser algo tão difícil como os doze trabalhos de Hércules (figura que decora este post) mas é um desafio muito mais exigente que resolver determinados problemas de álgebra, identificar substantivos num texto ou responder a uma bateria de questões.

Um erro comum é o de definir tarefas como modos de fazer. Esse equívoco aparece em muitas WebQuests com tarefas do tipo: “vocês irão pesquisar…”, “o grupo deverá estudar o assunto x…”, “nesta WebQuest vocês entrarão em contato com conhecimentos sobre…”, etc. Pesquisar não resulta necessariamente em produto ou evento. Apesar da importância que tem, pesquisa é meio. E muitas vezes uma pesquisa não chega a qualquer resultado. Estudar idem. Pior ainda é algo parecido com entrar em contato com determinada área de saber.

Há casos mais problemáticos de definição de tarefas. Em algumas WebQuests que já analisei, os autores propõem como tarefas respostas a uma questionário. Casos assim revelam pouca compreensão do conceito de WebQuest. Revelam um entendimento de que basta transferir modos tradicionais de ensino para o ambiente web – usando nominalmente os componentes introduçãom,tarefa, processo etc. – para produzir uma WebQuest.

Elaborar uma tarefa é um ato criativo. Além disso, é uma atividade que precisa se desvincular das tradições dos exercícios escolares. Exige esforço para “sair da escola” e olhar para a vida como ela é. Ao mesmo tempo, exige invenção de desafio que demanda saberes que os alunos precisam aprender.

Agostinho de Hipona

agosto 28, 2008

Vinte e oito de agosto. Dia de Santo Agostinho. Não é um santo da minha devoção. É um santo da minha admiração. Entre outras coisas, deixou esta frase célebre em sua Confissões:

Inquietum est cor nostrum donec requiescat in Te.

Para quem não se lembra do latim aprendido na escola, ofereço aqui uma tradução livre:

O nosso coração só terá descanso quando Te encontrar.

A frase é uma cristianização da inquietude intelectual. Agostinho tem uma vida de contínua busca pela verdade. Depois de convertido só vê descanso em Deus. Mas isso é parte da história. O grande intelectual do norte da África via a vida como uma busca sem descanso pela verdade. E não descansou até o fim, sempre buscando mais, sempre tentando entender a vida e o mundo. Minha homenagem respeitosa a um dos maiores gênios que a humanidade já produziu.

Blogar faz bem 2

agosto 26, 2008

Tempos atrás acho que escrevi um post sobre benefícios salutares do blogar. Agora, ao visitar o blog da Roseli, descobri que há novidades sobre o assunto. Por isso recomendo a matéria que pode ser encontrada lá no Bibliotequices e afins em O remédio é escrever.

Taxonomia de Bloom e WebQuests

agosto 26, 2008

Em qualquer área do saber há diferenças significativas entre certas categorias. Diferentes coisas merecem cuidados diferentes, têm propósitos distintos, estão voltadas para objetivos próprios. Por isso é bom classificar as coisas. E a gente costuma classificar quase tudo que encontra pela frente. Até bananas! Há nanica, da terra, prata, ouro, são tomé, maranhão e sei lá que mais. Sabemos que elas são diferentes. Sabemos que elas podem ser aproveitadas de modos distintos. Não fritamos banana ouro. Não colocamos banana da terra na salada de frutas.

Classificações são mão na roda para se tomar decisões, para aplicar regras gerais a coisas que estão dentro de um mesmo conjunto. Classificações são uma providência importante em ciência. Por todas essas razões, é bom classificar conhecimentos humanos quando pensamos em educação. Diferentes conhecimentos exigem diferentes métodos de ensino, diferentes modos de avaliação. Diferentes conhecimentos provavelmente são aprendidos de modos distintos.

Interesses pela classificação de conhecimentos resultaram em muitos projetos e estudos com objetivo de criar uma taxonomia (um sistema de classificação) dos saberes. A taxonomia de conhecimentos mais importante no campo educacional foi criada por um grupo de pesquisadores liderados por Benjamin Bloom. O grupo passou muitos anos pesquisando o assunto. Uma síntese de tais estudos foi elaborada em 1959, introduzindo no cenário a taxonomia de Bloom. Até hoje essa é a classificação mais completa e profunda sobre os conhecimentos que podem ser desenvolvidos nas escolas.

Ao trabalhar com o conceito de tarefa em WebQuest, Bernie Dodge julgou conveniente recuperar as idéias de Bloom para situar saberes adequados ou inadequados para tratamento via WebQuests. Numa visita ao Brasil, o criador do modelo WebQuest, desenvolveu algumas idéias interessantes sobre taxonomia e tarefa. Tenho este material (em inglês) desde os idos de 2005. Resolvi agora traduzi-lo e colocá-lo à disposição dos interessados.

Clique aqui para ver o material.

I Muvrini e ignorância musical

agosto 26, 2008

Faz um mês e pouco que ouvi pela primeira vez o conjunto I Muvrini. Em minhas andanças pelo Goear, fui ver o que havia do Lluis Llach. Encontrei, entre outras, uma gravação do cantante catalão com I Muvrini. Música da boa. Fui atrás de informações. Descobri que o conjunto que até então desconhecia é corso. Muvrini são ovelhas selvagens típicas da ilha onde nasceu Napoleão (daí o nome do conjunto). O idioma local é muito parecido com o italiano e certas tradições culturais pouco têm a ver com a França.

Descobri mais. I Muvrini estão na praça há muito tempo. Fazem um som local que ganhou o mundo. O ritmo é bem mediterrâneo. Ás vezes lembra música grega. Acabo de receber dois cds dos cantores da Córsega: Alma e A Strada. Ouço o último enquanto vou contando esta história.

Esta conversa não tem apenas o objetivo de mostrar minhas buscas musicais. O que quero pontuar, como diriam as mocinhas da PUC, é minha ignorância musical. A culpa não é pessoal. Estamos acostumados a pensar que música internacional é aquela produzida em terras do Tio Sam. Pouco sabemos de ritmos e melodias até de nossos vizinhos mais próximos. A fantástica Soledad, hermana argentina, não toca no Brasil. Mas, não é só ela. Ignoramos quase tudo que se produz na América Latina. E, é claro, nada sabemos da boa produção musical de outras partes do mundo. Será que a Internet vai nos ajudar a vencer tal ignorância?

Para quem quiser apreciar, vai aqui o registro de um encontro de I Muvrini com Sting.

Cecília Meirelles, educadora.

agosto 25, 2008

Alguns meses atrás andei investigando a Escola Nova no Brasil. Fui, obviamente, rever o Manifesto dos Pioneiros. Lembrava-me ainda de que figuras como Fernando Azevedo, Lourenço Filho, Anísio Teixeira e Paschoal Lemme assinaram o famoso documento de 1932. Mas não sabia que Cecília Meireles também assinou o Manifesto. Ao descobrir (ou redescobrir) o fato, procurei mais informações sobre as atividades educacionais da grande escritora. Fiquei então sabendo que ela foi uma grande militante da educação pública, laica e democrática. Cecília Meireles atuou como colunista de assuntos educacionais em jornais do Rio de Janeiro. Vale a pena ler as reflexões de nossa poeta maior sobre educação. Quer ver exemplos? Clique aqui.

Uma WebQuest sobre WebQuests

agosto 21, 2008

Publiquei no Zunal uma nova versão de proposta de Bernie Dodge para estudos iniciais do conceito de WebQuests. Fiz algumas mudanças no texto original e, em recursos, selecionei exemplos mais recentes de aplicações do modelo criado pelo professor da San Diego State University. Utilizei o material num curso de formação na Secretaria de Educação de São Bernardo do Campo. Agora vou fazer o mesmo com meus alunos na universidade.

Além de utilizar Uma WebQuest sobre WebQuests como material de estudo, quero oferecer  um exemplo de uso do Zunal, ferramenta ao alcance de qualquer professor que queira elaborar uma WebQuest.

Para ver minha produção no Zunal basta clicar em Uma WebQuest sobre WebQuests.

Edublogueiros do Brasil 1

agosto 20, 2008

Há muitos educadores blogando. Isso é muito bom. Blogar é uma maneira de exercer cibercidadania. E muito mais adequado exercer cidadania que falar sobre ela.

Neste post quero destacar os blogs construídos pelas escolas públicas de Rio Grande, RS. Os espaços de conversas propostos por aquelas escolas merece uma visita e um dedo de prosa. Se você quiser aparecer no pedaço entre pelo metablog que articula o trabalho na citada cidade gaúcha, clicando em:

nteriogrande.

Bingo!

agosto 12, 2008

Uma das boas ferramentas para elaborar matrizes de avaliação baseada em rubrica pode ser encontrada no portal TeAchnology. Costumo recomendá-la em oficinas sobre WebQuest. Nestes dias, ao revisitar o mencionado portal, constatei que o mesmo tem muitas ajudas úteis para docentes, como, por exemplo:

  • Lesson Plans [planos de aula]
  • Printables [uma coleção de figuras que podem ser utilizadas como ícones ou sinais de comunicação no ambiente escolar]
  • Themes [temas com dicas de como desenvolver projetos interessantes e multi-disciplinares]
  • Worksheets [geradores de folhas para atividades com palavras cruzadas e outros formatos de desafios que podem dinamizar o ensino]
  • Games [jogos que podem ter finalidades didáticas]
  • Tips [dicas para o dia-a-dia do trabalho em sala de aula]

A maior parte dos recursos nada tem a ver com informática educação. O repertório de TeAchnology volta-se muito mais para atividades que podem ser feitas com papel, algum modelo de dinâmica e imaginação do professor. Achei que o gerador de cartelas de bingo pode ser muito bem aproveitado.

Pode-se gerar dois tipos de cartelas: 3X3 ou 5X5. Num exercício rápido de produção, escolhi o último tipo. Com ele é possível preencher a cartela com vinte e cinco itens de informação. Preenchi o material com os nomes dos estados do Brasil. A ferramenta tem um recurso para misturar as informações. A cada mistura, surge uma cartela com novas combinações das informações orginariamente digitadas. Assim, o professor pode gerar tantas cartelas diferentes quantas foram necessárias para jogar o bingo em sua classe. É claro que apenas jogar bingo com conteúdos curriculares não basta. O professor precisa criar atividades suplementares que dêem ao jogo maior consistência didática. No caso de um bingo com os estados do Brasil, a identificação – num mapa sem legenda – dos estados sorteados poderia ser uma condição para que o ganhador confirmasse seus pontos. Em outras palavras, imaginei que o jogador, para ganhar em definitivo seus pontos, precisaria colar etiquetas dos estados sorteados no respectivo território de num mapa do Brasil sem legendas.

Se quiser experimentar o gerador de bingo do TeAchnology, clique na figura abaixo.