Archive for junho \26\+00:00 2008

Pedagogia do Oprimido

junho 26, 2008

A biblioteca virtual da Unicamp, faz algum tempo, digitalizou uma das grandes obras de Paulo Freire, Pedagogia do Oprimido. O livro, cuja versão integral pode ser acessada via internet, é cópia da 23ª reimpressão de edição publicada pela editora Paz e Terra em 1970. Para acessar esse importante trabalho do nosso educador maior clique aqui.

Há, é claro, muitas referências sobre a Pedagogia do Oprimido. Uma delas é este vídeo colocado no Youtube.

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Atualização

Escrevi este post em junho de 2008. Na ocasião, a biblioteca da Faculdade de Educação da Unicamp estava disponibilizando uma versão eletrônica de Pedagogia do Oprimido, de Paulo Freire.

Muita gente esteve neste Boteco e daqui pôde acessar a obra fundamental de nosso educador maior. Isto não é mais possível.  Pedagogia do Oprimido saiu do ar.  Provavelmente herdeiros de Freire reclamaram direitos autorais (ou será que foi o Moacir Gadotti?). Uma pena! Nos termos de antiga lei inglesa (sempre contestada por herdeiros ou editoras), quatorze anos de propriedade intelectual -renováveis por igual período uma única vez – é um tempo mais que justo (cf. Danton, Robert. Google & the Future of Books, in NYRB, 12-25 de fev, 2009, p. 9-11). Depois disso as produções intelectuais deveriam converter-se em bens de domínio público.

Jarbas, 23/03/2009

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Trabalho, Tecnologia e Atividade Docente

junho 22, 2008

Hoje, num levantamento que faço regularmente para saber que coisas minhas andam pela Internet, encontrei a versão espanhola de um “pré-roteiro” que enviei a meus amigos do Instituto de Pedagogia Popular do Peru (IPP), antecipando o que pretendia falar no Seminário Internacional “Políticas de Formación Docente y Lucha contra la Pobreza”, realizado em Lima no ano de 2003. Não sei se ainda tenho o original em português.

No texto explicito algumas dimensões políticas do debate sobre usos das NTIC’s em educação. Destaco sobretudo as dimensões políticas de uma crítica muito comum à “resistência” dos mestres quanto ao uso de computadores para fins de aprendizagem. Pretendo retomar o assunto num escrito futuro. Mas se alguém quiser conhecer algumas de minhas posições sobre o assunto, o pré-roteiro enviado para meus amigos peruanos é uma referência útil. Ele pode ser visto em Trabajo,Tecnologia y Actividad Docente, tradução publicada na Web por um dos militantes do IPP.

Oito centenas de comentários

junho 19, 2008

Inaugurei este Boteco em fevereiro de 2007. A casa tem uma boa clientela. Não chega a ser multidão, mas é uma turma boa, amiga. E muita gente que entra no estabelecimdento costuma deixar algum comentário, uma das formas de conversar na blogosfera. Neste ano e quatro meses, os comentários já ultrapassaram a barreira dos 700 e poucos. Estamos chegando aos 800. Não vou revelar o que diz meu controle estatístico, mas o seu pode ser o comentário dos oito centos. Deixe aqui sua mensagem. Até o final da semana vou revelar quem foi o amigo ou amiga que arrendodou as oito centenas de comentários neste Boteco Escola.

Barato en catalá.

junho 18, 2008

Carmé Barba acaba de traduzir para o catalão minha entrevista para o CENPEC sobre usos educacionais dos computadores. Se quiserem ver o resultado, cliquem aqui e busquem a versão divulgada por minha amiga da Catalunha.

Prioridade do celular

junho 16, 2008

Eu já deveria estar acostumado. Mas, ainda acho estranha a nova cultura das comunicações humanas com o advento do celular. Falei sobre isso muitas vezes aqui neste Boteco. Vou falar de novo, pois hoje vi uma cena que confirma mais uma vez que o papo entre amigos já era.

Num café que frequento, três amigos conversavam numa mesa bem perto de onde eu estava . Um deles, muito falante, monopolizava a conversa. Contava casos. Provocava risos. Tudo parecia caminhar como nos velhos tempos: um encontro com os amigos, um cafezinho gostoso, um papo legal. Mas não. O moço falante, sem pedir desculpas, tira do bolso um celular e atende a algum chamado. Os outros dois amigos, ficam aguardando. A conversa é retomada durante mais uns três minutos, para ser interrompida por uma outra chamada do telefone móvel. Não importava a conversa cara a cara. Qualquer chamada a interrompia.

O papo entre amigos mudou. Se você quiser ser ouvido imediatamente e com atenção, não marque encontro para uma conversa num espaço público legal, chame seu interlocutor pelo celular.

Gol do Zico

junho 11, 2008

Faz uns dois dias que vi o Zico numa mesa redonda. A conversa girava em torno daquele baita time que era o Mengão dos tempos gloriosos do Galinho de Quintino. Os jornalistas queriam saber como tudo começou. Zico falou sobre um jogo decisivo com o Vasco. O Flamengo poderia ter chegado ao título, mas Tita, garoto que estava começando, perdeu um pênalti. Depois da partida, toda a equipe foi para um boteco chamado Barril. Os jogadores deram o maior apoio para o guri que estava começando. Depois de muita conversa firmaram um pacto: o pacto do Barril. Ali, segundo Zico, começou a lenda do grande time, dono de títulos a pencas e cantado em muitas músicas por Jorge Ben.

Perguntaram ao grande jogador se algo parecido como pacto do Barril poderia acontecer atualmente. Zico respondeu: não. Os jogadores de futebol de hoje pouco conversam. Não conversam na concentração. Não conversam no ônibus. Há um individualismo que só faz crescer. Os profissionais da bola estão o tempo todo ligados ou na Internet ou no celular. Quando deixam de navegar na Web ou de usar seu telefones móveis, eles não se separam dos fones de seus i-pods. A conversa acabou.

Zico, apesar de não a aceitar, vê a mudança com naturalidade. Acha que houve uma grande perda, mas não pensa que é possível uma volta. Estranha o isolamento. Estranha a obsessão pelas novas tecnologias da informação e comunicação. Observa que muitos jogadores não abandonam seus i-pods mesmo em treinamentos físicos.

O Galinho, num time que dirigia, proibiu uso de celulares no intervalo das partidas. Mas percebeu que muitos jogadores sempre achavam um meio de usar seus telefones móveis no curto espaço de descanso entre o primeiro e segundo tempo. Ao ouvir isso, me perguntei: o que será que os boleiros tinham de tão importante para se comunicarem com o mundo exterior no intervalo de uma partida profissional de futebol? Não encontrei qualquer resposta para essa pergunta. Será que vocês podem me ajudar?

A importância das escolas: 1°lugar no Google

junho 9, 2008

Ano passado, assim que terminei de ler o indispensável Left Back, resolvi traduzir a página final do livro de Diane Ravitch. Minha intenção era a de divulgar uma declaração bem trabalhada contra a Escola Nova. Esperava que alguns de meus alunos e uns poucos frenquentadores do Boteco Escola lessem e comentassem o texto. Para minha surpresa [e satisfação], o material de Diane Ravitch ganhou uma divulgação muito maior que a esperada. A tradução da página final de Left Back é, de longe, o lugar mais frequentado deste Boteco.

Recentemente tive outra surpresa. Muitas visitas à página onde postei o texto em foco acontecem a partir de buscas no Google. Curioso, experimentei tal busca e constatei que minha mensagem é a primeira menção no Google quando alguém busca ‘a importânica das escolas’ [ 1° em 1.270.000 referências, sem aspas; e 1° em 760 referências, com aspas]. Há certos mistérios na ordenação de sites nas buscas do Google, mas sabe-se que frequência de visitas é um dos critérios para ordenar o material. Estou curioso para saber até quando “a importância das escolas” vai ocupar o primeiro lugar.

Burocracia e burrice

junho 3, 2008

Hoje, logo cedo, recebi uma informação que me deixou irritado e indignado, uma bobagem burocrática que me deveria apenas fazer rir. Por enquanto não quero contar o caso. Mas ele tem a ver com o instrumentismo que critiquei em artigo recente para a revista Quaderns Digitals. E tem a ver com Kafka em seu imperdível O Processo.

Conto aqui uma história mais antiga, exemplo de burocracia e burrice. Em meus tempos de doutorado na Unicamp havia a exigência de domínio de dois idiomas estrangeiros para os alunos (espanhol incluso). Fiz teste de espanhol. Fui considerado apto. Como meu mestrado aconteceu nos Estados Unidos, informei que era fluente em inglês e não me candidatei a exames neste idioma (afinal de contas,em meu prontuário havia informação suficiente -diploma de mestrado e histórico escolar – para comprovar que eu era capaz de ler com bom aproveitamento literatura em idioma inglês, além de ter escrito minha dissertação de mestrado na língua nativa dos States). Mas qual o que. Fui informado que deveria fazer um teste de inglês. Achei a exigência absurda. Procurei o chefe do departamento. Ele achou que eu tinha razão, mas não moveu um palha para que eu fosse dispensado de um exame desnecessário. Não queria conflitos a poderosa área de administração acadêmica da universidade. Comprei a briga e decidi que não faria o exame de modo algum.

Fui até o setor de administração acadêmica da Unicamp. Argumentei que todos os meus documentos de mestrado estavam em inglês. Mostrei que permaneci dois anos como aluno da San Diego Stsate University. Reiterei que minha dissertação estava escrita no tal idioma. Nada disso adiantou. O burocrata com quem conversei queria um papel que dissesse explicitamente que eu era fluente no idioma. Fui tentado a iniciar um diálogo em inglês com o moço. Mas não o fiz, não adiantaria. Ele queria um papel. Lembrei-me então do meu relatório do Toefl (Test of English as a Foreign Language) e de uma carta de apresentação de uma de minhas professoras do programa de inglês acadêmico na San Diego State University. Disse então que tinha papéis com as característica que ele queria. O burocrata aceitou minha explicação e me pediu para encaminhar os documentos. Assim o fiz e fui dispensado do exame de inglês. Mas confesso que não fui inteiramente honesto. Eu sabia que exames do Toefl caducam depois de cinco anos. O meu exame tinha mais de dez. Mas detalhes como este escapam à compreensão dos burocratas. Eles querem papéis…

Uso de computadores em educação: entrevista para o CENPEC

junho 2, 2008

Dias atrás, Fábio Akio Sasaki, solicitou-me uma entrevista para o o portal do Cenpec (Centro de Estudos e Pesquisas em Educação e Açao Comunitária). Fiquei contente com o convite. Perguntas de jornalistas bem informados são sempre uma oportunidade de aprendizagem, pois obrigam a gente a pensar e repensar o que sabe para dar respostas claras e coerentes. Neste processo descobrimos algumas coisas que já sabíamos mas das quais não tínhamos consciência muito clara. Se você quiser ver o que aprendi na conversa com o Fábio dê uma olhada no portal do Cenpec.

A foto que ilustra este post é uma brincadeira. Ela retrata uma velha escola de colônia, transposta de seu sítio original para a vila-museu da cidade de Nova Petrópolis, RS. Não há computadores à vista. A escolinha retratada foi construída no final do século XIX. A arquitetura de interiores da velha sala de aula é muito parecida com os ambientes de aprendizagem que encontramos nas escolas de nossos dias. Isso tem a ver com uma observação que faço na entrevista.

Encontro em Belo Horizonte

junho 1, 2008

Acabo de voltar de Belo Horizonte. Estive na capital mineira para participar do Seminário Mineiro de Educação Profissional e Tecnológica. No evento, meu amigo Dr. Amin Aur e eu conduzimos um painel (de manhã) e uma oficina (a tarde), dia 30/05, tentando delinear caminhos de articulação entre educação profissional e Educação a Distância. Tarefa difícil, pois a situação que enfrentamos sugere às vezes expectativas de soluções claras e imediatas. E tais soluções não estão claramente visíveis no horizonte das ciências da educação.

Procurei mostrar uma abordagem não convencional de educação para o trabalho. Além disso, sugeri – sobretudo na oficina – a necessidade de uma análise rigorosa de processos de comunicação antes de qualquer aventura educacional em termos de uso máquinas, equipamentos e sistemas. Insisti também na idéia de que preocupação e cuidado com o processo comunicativo são os aspectos centrais de tecnologia educacional. Espero que os participantes do nosso painel e oficina tenham ficado convencidos de que tecnologia educacional é sobretudo inteligência humana preocupada em criar ambientes de aprendizagem significativos, desafiadores, eventualmente bem humorados, apaixonantes e encantadores.

Escrevo tudo isso na expectativa de que alguns dos participantes do Seminário Mineiro apareçam aqui no Boteco para a gente continuar o papo que começamos em Belo Horizonte.