Archive for janeiro \30\+00:00 2008

Outra entrevista

janeiro 30, 2008

Prometi dia 30 de outubro do ano passado que divulgaria aqui uma outra entrevista sobre este Boteco. Ela deveria aparecer na revista Profissão Mestre. Aguardei comunicação da citada revista sobre publicação da matéria. Não recebi notícia da Profissão Mestre, mas sei, graças a informação de frequentadores deste estabelecimento, que a entrevista já saiu. Publico aqui minha fala original. O texto integral da dita entrevista está no item 9 da coluna Páginas deste Boteco.

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Barato em Wurzburg

janeiro 29, 2008

Não, não se trata de uma dica sobre pechinchas numa cidade alemã. O Barato em Wurzburg é esse moço aí da foto, não por acaso, meu filho mais novo. E o que ele anda fazendo em Wurzburg? Doutorado em Física Teórica.
André, esse é o primeiro nome dele, concluiu o mestrado no Instituto de Física da USP em 2006, aos vinte e quatro anos. Sua dissertação, cuja defesa assisti com muito orgulho, mas sem entender patavina, teve o título de Modelos para crescimento de superfície. Eu quis registrar o feito na época, mas a preguiça foi deixando a notícia desatualizada. Meu filho começou o doutorado em seguida, na mesma USP, mas no meio do caminho recebeu um convite para integrar-se ao departamento de física teórica 3 da Universidade de Wurzburg onde continua suas pesquisas e cursa o doutorado. E lá está o Barato na simpática cidadezinha alemã.
Meu filho é bom no que faz. Aos vinte e cinco anos está indo para seu quarto artigo em revista internacional no campo da física. Dizem meus amigos físicos que essa não é uma proeza qualquer. O primeiro artigo do garoto foi publicado no Journal of Physics A com o título de Mean-field aproximations for restricted solid-on-solid growth models . Um abstract do referido artigo pode ser encontrado aqui.

andre-wulzburg.jpg

Livro sobre blog

janeiro 28, 2008

Ana Carmen Foschini e Roberto Taddei são autores de uma  coleção muito interessante, a Conquiste a Rede, uma série de livros que abordam ferramentas para ajudar qualquer cidadão a publicar na Web. Uma das obras mostra, numa linguagem muito amigável, o que são e como publicar blogs. Todos os livros da coleção estão disponíveis para cópia em diversos espaços da Web. Se você quiser ler e copiar o livro sobre blogs comece clicando aqui.

Ana Carmen, jornalista experiente e ligada na rede mundial de computadores, tem um blog que merece visita. Trata-se do anacarmen.com.

Blog: um espaço sem tempo

janeiro 24, 2008

mares-del-miedo.jpgQuando comecei este Boteco, li muitos textos que definem blogs como espaços de conversação. Hoje posso afirmar que tal espaço não tem limites, pode crescer, pode diminuir. Ao contrário dos botecos emparedados, botecos virtuais não precisam de mais terreno para crescer. Basta esticar a conversa para que o espaço virtual aumente. E se a conversa encolhe, encolhe também o espaço onde ela acontece. Essas constatações têm lá um certo sabor filosófico, pois guardam alguma relação com as cismas que incomodaram gente com Santo Agostinho, Kant e Bergson. Mas não se assustem, não tenho competência para mais avançar as considerações sobre espaço [e por tabela, tempo] e nosso compromisso aqui é sempre o de uma conversa de boteco, sem chateações acadêmicas ou excessos de papo cabeça.

Toda a viagem do primeiro parágrafo tem como origem numa ponte que fiz entre natureza dos blogs e um dos temas recorrentes do romance (novela) Los Mares del Miedo, de Antonio Gómez Rufo. O personagem central da novela, Don Fernando, discute vezes sem fim a questão do tempo com seu amigo Al-Razí. E essas discussões sempre terminam com a conclusão de que o tempo é uma ilusão. Existe apenas espaço. O que chamamos de tempo apenas são diferenças entre lugares no espaço. Por isso, a grande descoberta do atormentado e sábio Don Fernando é a de que não há a morte, pois não cessamos de existir, uma vez que não há tempo. Apenas mudamos de lugar no espaço.

Não alimentem grandes esperanças a partir da descoberta de Don Fernando. Mares del Miedo é pura e boa ficção [alguma editora brasileira poderia traduzir a novela aqui no Brasil ; é um livro fascinante]. O que me interessou na ponte que fiz foi examinar os blogs a partir da descoberta do personagem criado por Rufo. Algumas vezes, blogs são definidos como diários, uma modalidade de comunicação que acontece no tempo. Mas se eliminarmos o tempo, ficaremos com a noção de que blogs são construções espaciais. Nesse sentido, não existe ontem, hoje e amanhã nos blogs. Existe um espaço que pode sofrer alterações constantes. Isso é verdade, meu primeiro post aqui no Boteco é apenas um lugar que pode ser eliminado, piorado, melhorado, aumentado, expandido, arrebentado etc. O tempo não define os blogs.

Para balançar o Boteco

janeiro 21, 2008

balanca.jpgNa minha infância, as lojas lá da Franca ficavam fechadas um ou dois dias no início do ano. Eram dias de balanço. Tal lembrança me levou a pensar em fazer um balanço deste Boteco. Mas os dias foram passando e a preguiça de verão me fez deixar o balanço para um depois que sempre é amanhã. Agora não tem mais jeito, preciso começar o balanço antes que o estabelecimento complete um ano de vida.

A primeira pergunta é: o que balançar? Em termos contábeis, a resposta é fácil: ganhos e perdas. Em termos de avaliação de experiência educacional a coisa pode ser um pouco mais complicada. Mas no fundo, o que se procura em qualquer processo avaliativo é verificar ganhos e perdas. Os nomes podem ser outros. Porém, o que se deve considerar é muito parecido com os processos contábeis.

Começo o balanço com as seguintes considerações:

  • os ganhos foram bem maiores que as perdas.
  •  no processo de construir o Boteco, acompanhar os blogs feitos por meus alunos e estabelecer pontes com outros espaços da blogosfera aprendi muito sobre a natureza dos blogs e seus possíveis usos em termos de aprendizagem.
  • algumas alunas fizeram blogs de muita qualidade e entraram na blogsfera como gente grande.
  • em alguns casos, ao blogar, algumas alunas chegaram à conclusão de que a ferramenta não as seduz; provavelmente não blogarão num futuro próximo.
  • alguns blogs de alunos ficaram pelo meio do caminho, confirmando minha hipótese de que bloguecídios são ocorrência que se deve esperar em aventuras na blogosfera.
  • o único aluno do pedaço começou com grande força mas não conseguiu concretizar seus planos de conversas na blogosfera.
  • a experiência do Boteco ganhou algum reconhecimento externo; prova disso foram algumas menções em blogs de outras terras e duas solicitações de entrevistas para revistas educacionais.

Mal comecei o balanço, mas vou parar por aqui. Voltarei ao tema, indicando algumas direções para que meus alunos possam colaborar na avaliação da experiência. Vou também solicitar mais explicitamente a colaboração de amigos que por aqui andaram e muito nos ajudaram na aventura de 2007. E, é claro, se alguém já quiser palpitar sobre o balanço, o espaço de comentários está aí para isso.

Provocação

janeiro 18, 2008

Para escandalizar quem gosta de achar que a escola deve ser um lugar de prazer ou que a aprendizagem deve ser prazerosa, postei uma longa observação lá no Aprendente servindo-me de um texto de António Damásio. Para os interessados, indico o link a clicar:

Desafios e aprendizagem.

Um espaço para os outros

janeiro 18, 2008

Uma das características dos meios de comunicação é a de apresentar matérias que reafirmam positivamente nossas identidades (nacionais, étnicas, de classe, profissionais). Noticiários e propagandas na TV deixam muito claro quem somos nós e quem são os outros. Nós somos os mocinhos, os outros são os bandidos. Nós somos educados, os outros são selvagens. Nós somos limpos, os outros são sujos. Mesmo quando os personagens apresentados pouco se parecem fisicamente conosco, não temos qualquer dúvida de quem nos representa: gente bonita, jovem, sarada, alegre, financeiramente resolvida, inteligente e, quase sempre, branca. Não vou tentar ir mais fundo nesse maniqueísmo simplificado. Quero apenas apontar um detalhe que ajuda a entender o registro que farei mais à frente. O outro dos meios de comunicação não tem a menor importância. Por isso não queremos saber como vive, o que sente, no que acredita, que barras enfrenta etc. O outro é só aquilo que não somos. Vez ou outra ganha destaque porque suas ações podem nos causar algum prejuízo.

Um caso exemplar de desinteresse pelo outro é a cobertura da ocupação americana no Iraque. O noticiário das grandes redes jornalísticas cobre apenas o que está acontecendo com os soldados americanos ou com as empresas americanas instaladas no país do Golfo Pérsico. Os milhões de iraquianos que sofrem os efeitos da ocupação e consequente desorganização do país são apenas outros, sem face, sem vida pessoal, sem sentimentos, sem afetos, sem cultura, sem nada. Quando muito entram no noticiário como números de mortes resultantes de algum atentado espetacular.

A rede jornalística McClatchy resolveu dar voz aos outros. Mas não pode fazer isso em suas reportagens para a imprensa americana e internacional. A solução foi criar um blog onde jornalistas iraquianos podem publicar sem qualquer revisão ou censura o que anda acontecendo com os cidadãos comuns do país. Coisas que não circulam pela imprensa americana ou internacional (incluindo a brasileira), como a falta crônica de energia, as filas imensas, as dificuldades de locomoção, as ameaças constantes à vida dos cidadãos comuns feitas por grupos paramilitares ou pelos próprios militares, o terror provocado pela aproximação de um comboio do exército americano. Tudo isso é assunto de matéria publicada no New York Review of Books de 17/01/08, com o título As Iraqis See It.

A história aqui resumida é um belo exemplo de como os blogs podem ser um instrumento para dar voz a quem não a tem em situações convencionais. No espaço criado pela rede McClatchy, os jornalistas iraquianos podem escrever histórias que não circulam em outros meios de comunicação. Eles falam daqueles outros que nós ignoramos e abrem um janela para conversas que seriam impraticáveis fora da blogosfera. Eis aqui mais um exemplo a considerar quando quisermos definir o que é um blog. Para acessar a perspectiva dos “outros” no Iraque clique em Inside Iraq.

A casa está aberta

janeiro 5, 2008

Antes que algum passante pense que este Boteco está fechado, apresso-me em dizer que a casa continua aberta. Por motivos vários, a conversa anda em compasso de espera e o menu não foi renovado. Mas, há muita disposição para continuar os negócios. Coisas sobre blogs, usos comunicativos da Internet, botecos que vale a pena conhecer e outros muitos assuntos serão propostos já já. Continuem fregueses. Colaborem e reservem suas mesas para longos e bons papos. Com atraso de praxe (ou de preguiça), ficam aqui meus desejos de ótimo 2008.